Seis anos após lançar sua ficção anterior, “Cabra Cega”, no 9ª Cine-PE (2005), o diretor paulista Toni Venturi aporta no Recife para fazer a premiere, hoje à noite no Cineteatro Guararapes, de seu novo trabalho “Estamos Juntos”. É o quinto e penúltimo longa-metragem em competição nesta 15ª edição do festival recifense. A produção, calibrada, vem cercada de ótimos profissionais – roteiro de Hilton Lacerda, direção de arte de Renata Pinheiro, fotografia de Lula Carvalho – e elenco cativante: Leandra Leal, Cauã Reymond, o ator argentino Nazareno Casero, Dira Paes (que também será vista hoje no curta “Matinta”) e Débora Duboc, companheira de Venturi, estrela do seu “Latitude Zero” (que estreou na 5ª edição do festival, em 2001).

Após um período concentrando-se em documentários – “Dia de Festa”, 2006, “Rita Cadillac: A Lady do Povo”, 2007, e “Vocacional: Uma Aventura Humana”, 2011 – o cineasta retorna ao campo do desenvolvimento da dramaturgia tendo uma jovem médica como protagonista. Carmem (Leal) veio do interior e aproveita como pode sua liberdade em São Paulo ao lado do amigo DJ (Reymond). Mas, a notícia de uma inesperada doença a faz repensar seus valores, ao mesmo tempo em que inicia uma paixão por um músico (Casero) e conhece um homem misterioso (Lee Taylor). Por esse processo, vem o seu natural amadurecimento.

Por telefone de São Paulo, a caminho do aeroporto para embarcar para o Recife, Venturi nos falou sobre um de seus interesses em contar essa história. “Me atrai a idéia de falar aos jovens. Foi para eles que desenhamos esse filme, que aborda a juventude na cidade grande, de seus diversos universos que se encontram, se conflitam e se amalgamam numa metrópole. A presença dos excluídos e como tudo isso se interrelaciona também faz parte de quem vive numa grande urbe”, reflete.

Com argumento original, o projeto é antigo, tendo sido discutido com Di Moretti, velho parceiro de Venturi. “Mas o roteiro ganhou uma nova reformulação com a entrada de Hilton em 2008, e cotinuou em evolução com a participação dos atores”, lembra o diretor, que rodou a produção no final de 2009. Para Renata Pinheiro, um desafio aqui foi ter de compreender a realidade dos hospitais. “Rodamo num velho manicômio em São Paulo e recriamos um hospital lá. Era preciso entender as especifidades de instrumentos cirúrgicos”, diz.

Quanto a ambiência, Renata lembra que é uma história contemporânea, fincada numa realidade que também é cruel, como a que acontece numa comunidade de ocupação em São Paulo. “Outro bom exercício era entender o ‘filme’ que se passava dentro da cabeça da protagonista. Precisávamos do realismo, mas também tem essa realidade construída por ela, uma menina mais burguesa e egoísta, mas que passa a reavaliar tudo”, adianta a diretora de arte.

O filme tem distribuição garantida pela Imagem Filmes, e será lançado no circuito comercial dia 17 de julho, com 50 cópias em 35mm e na versão digital. Toni encerra destacando que “Estamos Juntos” é um projeto pensado para “conversar com as pessoas, para falar com o espectador, e o faz pela principal função do cinema: emocionar”.