15o Cine-PE (2011) – noite 1
Bolo, bonecos gigantes e futebol
Por Luiz Joaquim | 02.05.2011 (segunda-feira)
A primeira imagem que o 15o Cine-PE: Festival do Audiovisual proporcionou em sua noite de abertura, sábado, aos que entravam no Cineteatro Guararapes, foi a de uma mesa e um bolo, igualmente gigantescos, sobre o qual todos os convidados e homenageados da noite subiriam para fazer seu pronunciamento. Na verdade, era o palco do próprio teatro, decorado como a mesa de festa de uma debutante. A idéia da festa de 15 anos desenhou todo o perfil promocional desta edição.
Com um auditório abarrotado – claramente preenchido por espectadores ávidos para ver Pelé, e espectadoras para ver Wagner Moura -, a cerimônia sofreu dois imprevistos, aparentemente por interferência das chuvas. Anunciada como surpresa pelo diretor do festival, Alfredo Bertini, a ministra da Cultura, Ana de Hollanda, acabou atrasando-se para abrir o evento.
A inauguração, que seria feita com ao lado de Eduardo Campos, contou apenas com as solitárias palavras do governador do Estado, ressaltando a atual geração do cinema brasileiro e, informal, angariando simpatia, anunciou: “queremos ver cinema, e não discurso”. O segundo imprevisto, a julgar pelo longo “aaahhhh” feminino na platéia, foi mais traumático. Bertini explicou que Wagner Moura nåo conseguiu decolar do aeroporto de Campinas (SP) naquela tarde e quem receberia seu troféu Calunga seria sua mãe, Alderiva.
Simpática e com presença de espírito, Alderiva subiu ao palco ao som de “Osso Duro de Roer” (tema de “Tropa de Elite”) e, na ausência do filho, deu um beijo no boneco gigante de Wagner Moura, que surgiu dançando junto aos de Rodrigo Santoro, Sônia Braga, Selton Mello, Marieta Severo e Tony Ramos. Foram confeccionados por Silvio Botelho para comemorar os 500 filmes brasileiros patrocinados pela Petrobrás.
O momento histórico da noite, como repetiu Bertini, aconteceu quando Pelé subiu ao bolo e daí ergueu a Calunga. “A cultura lhe devia essa modesta homenagem”, lembrou o produtor, para ouvir o camisa 10 dizer para a platéia, de pé, o seu lema, desde a Copa de 1958: “Em tudo o que me propunha fazer, sempre pensava que nunca podia decepcionar o Brasil”.
Complementando a homenagem, exibiu-se o inédito “Cine Pelé”, versåo de 60 minutos feita por Evaldo Mocarzel (que preparou outra versão menor a ser exibida no Canal Brasil) sobre a presença do jogador em filmes; e “Uma História do Futebol” (1998), dramatização de Paulo Machline sobre a infância do Rei do Futebol.
COMPETIÇÃO
Após um intervalo, deu-se partida a mostra competitiva de curtas-metragens iniciando por “Vou Estraçaiá”. O doc de Tiago Leitão agradou imediatamente o público pela simplicidade e espírito leve do cinebiografado, o pugilista Todo Duro. Assim como o filme de Leitão, o paraibano “O Contador de Filmes”, de Elinaldo Rodrigues, e o pernambucano “Janela Molhada”, de Marcos Enrique Lopes, chamavam a atenção para personagens marcantes.
Elinaldo apontou sua câmera para a cativante figura de Ivan ‘Cineminha’ que, com memória prodigiosa, lembra de todas as anotações sobre cinema que faz há mais de 50 anos. Já Enrique Lopes fez questão de salientar que sua personagem, Dona Didi “é a última atriz do cinema mudo do Brasil ainda viva”. Alternando em contar a história de Dona Didi, da restauração dos filmes de nitrato, e dos ciclos regionais dos anos 1920, Lopes terminou por montar um filme pouco coeso nos três temas.
Uma boa surpresa foi ver o gaúcho “Muita Calma nessa Hora”, de Frederico Ruas. Com diálogos convincentes, atores à vontade e bom ritmo, o filme prendeu a atenção com um casal discutindo a relação num bar, para o desespero de um esquecido músico. Já o cearense “A Casa das Horas”, de Heraldo Cavalcanti, com Nicette Bruno, destoou pela sua opção e condução melodramática.
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