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Festivais

15o Cine-PE (2011) noite 2

Competição de longas começa morna

Por Luiz Joaquim | 03.05.2011 (terça-feira)

A exibição, domingo à noite no 15º Cine-PE, do paulista “Família Vende Tudo”, primeiro longa-metragem competitivo do evento, guardava uma expetativa delicada. O filme de Alain Fresnot, sabia-se, tentara, sem êxito, a seleção no festival de Paulínia (junho, 2010) e Brasília (novembro, 2010). Em sua apresentação, em cima do bolo no Cineteatro Guararapes, Fresnot destacou que com o tempo, o ‘Cláudio Assis’ dentro do cineasta vai acalmando para daí ir surgindo o ‘Andrea Tonacci’, em referência aos dois realizadores, sendo o primeiro mais sanguínio, e o segundo um lord ponderado. Por essa ótica, lembrou de outras trabalhos seus, “Ed Mort”, de 1996, e “Desmundo”, 2003.

Enquanto no primeiro a comédia imperava, no segundo o tom realista estava na ordem, disse Fresnot. Com ‘Família Vende Tudo’, a tentativa foi deixar essa fronteira menos perceptível, adiantou. Iniciado o filme, o elenco principal (Lima Duarte, Vera Holtz, Caco Ciocler, Alton Graça, Luana Piovani, Marisol Ribeiro e outros), a caracterização de cada um deles, seu cenário e figurino impressionavam. Num primeiro momento, o filme cumpriu a promessa, numa dinâmica ágil de montagem e diálogos, que apresentava a tal família.

Tendo como patriarca o personagem de Lima Duarte, a família inteira – sua esposa (Holtz), a filha Lindinha (Ribeiro) e os enteados, o mais velho um protestante, e o menino um “projeto” de bandido – vive das muambas que traz do Paraguai. Quando, numa viagem de volta, a polícia os apanha, eles bolam o plano de Lindinha se insinuar e engravidar do cantor brega Ivan Cláudio (Ciocler), casado com Jennifer (Luana Piovani). O ritmo, tão bem engendrado no início de “Família Vende Tudo”, infelizmente parece perder a direção, cada vez mais na medida em que o filme avança, sendo ainda mais prejudicado por uma trilha sonora um tanto insistente, que parece querer sublinhar o humor de alguns trechos.

Entre os curtas do domingo, destaque para a melancólica animação “Céu, Inferno e Outras Partes do Corpo”, de Rodrigo John; para o preciso carioca “Tempo de Criança”, de Wagner Novais; para o inspirado “Braxília”, de Danyella Proença; e para o sensorial “Café Aurora”, de Pablo Polo, que cresce numa segunda revisão.

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