15o Cine-PE (2011) – noite 3
Cine-PE versus Chuvas
Por Luiz Joaquim | 04.05.2011 (quarta-feira)
Para qualquer festival de cinema brasileiro, o número entre 400 e 500 espectadores por sessão está no nível do ‘muito bom’. Para o Cine-PE, habituado a sua média de mais de dois mil por noite, a visão do Cineteatro Guararapes “esvaziado” na 3ª noite do evento, segunda-feira, impressionava mal. Uma combinação de chuvas incessantes cidade alagada no primeiro dia útil da semana intimidou as pessoas a irem conferir as três homenagens da noite, os dois longas-metragens e os três curtas do dia.
Tendo subido duas vezes no bolo do 15º Cine-PE, uma pela homenagem e outra para apresentar o longa hor-concour “Augusto Boal e O Teatro do Oprimido”, Zelito Viana agradeceu formalmente ao lado da esposa e dos dois filhos, Marcos Palmeira e Betse de Paula, mas confessou sua frustração em não ter conseguido ver seu traballho ter virado de fato uma profissão no Brasil. “Espero que vocês jovens façam do cinema algo que se possa trabalhar sete dias por semana no ano inteiro”, concluiu.
Seu novo filme, rico em imagens de arquivos combinadas com a eloquência de Boal (1931-2009) de fato resgata com elegância a importância do teatrólogo brasileiro e sua obra para o mundo. Já o competitivo “Casa 9”, também um documentário de resgate, de Luiz Carlos Lacerda, o Bigode, mostrou-se burocrático na estratégia das entrevistas com os antigos moradores, célebres ou não, da casa no bairro de Botafogo (RJ), seguida imediatamente por imagens de arquivos a partir das citações destes personagens.
Ainda mais delicado nesse filme afetivo sobre a juventude criativa, oprimida, que fazia da casa 9 um ponto de encontro e um oásis para a liberdade de expressão artística nos anos 1970, está em algumas sequências dispersivas. É, de qualquer forma, um registro curioso de um ponto carioca rico em criar arte naquela época.
Além de Marco Altberg, do programa “Revista do Cinema Brasileiro”, o ator Chico Diaz foi homenageado e o recebeu com um depoimentos tocante: “É estranho quando somos destacados numa homenagem, porque o que faço e desaparecer em meio aos meus iguais”.
0 Comentários