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Críticas

Restrepo

Dentro da guerra

Por Luiz Joaquim | 20.05.2011 (sexta-feira)

O filme “Restrepo” (EUA, 2010), dirigido por Tim Hetherington (1970-2011) e Sebastian Junger, e entrando hoje em cartaz no Cinema da Fundação Joaquim Nabuco, foi celebrado como um dos mais fortes concorrente ao título de melhor documentário na cerimônia do Oscar 2011. Perdeu para o cerebral “Trabalho Interno”, de Charles Ferguson e Audrey Marrs, mas é fácil de entender o particular interesse dos norteamericanos pelo filme. Um deles diz respeito a uma natural curiosidade pelo trabalho efetuado pelo seus militares em missão de guerra no Afeganistão entre 2007 e 2008, quando a obra foi realizada. A pulga atrás da outra orelha diz respeito ao interesse em entender a perspectiva documental do filme.

É difícil enumerar a quantidade de filmes que o cinema norte-americano dramatizou a partir do mote “guerra” e o sucesso deles alcançados . O atrativo em “Restrepo”, entretanto, é exatamente o oposto da dramatização. Não que as imagens de guerra oferecidas ali ofereçam uma perspectiva sem drama (muito pelo contrário), mas sua força está exatamente na pretensa observação sem interferência num ambiente absolutamente hostil e tenso pela constante possibilidade da morte.

O local é exatamente o vale do Korengal, um ponto estratégico para os talibãs nessa guerra na fronteira com o Paquistão. Rebatizado de ‘Restrepo’ pelos soldados em homenagem ao médico do pelotão assassinado em ação, o bunker onde 15 soldados lutaram por 15 meses chegou a ser condiserado, naquele momento, o lugar mais mortal do mundo. Com cerca de quatro pesados tiroteios por dia, o documentário – que só existe pelo fato de Hetherington e Junger terem sido fotógrafos de guerra – impressiona exatamente pela crueza das imagens em pleno combate, registrando a reação imediata dos soldados ianques.

Reações tanto para o êxito, quanto para a derrota. Pelo êxito, vemos um soldado que revela, rindo e excitado, após uma troca de balas que “não há nada mais excitante que um tiroteio, é mais adrenalina que o crack!”. Contra a revelação, um dos documentarista pergunta como o tal soldado acha que será quando ele voltar à vida civil, e ouve um seco “Não sei ainda” como resposta.

Pela derrota, é marcante a reação de todos eles à morte do seu melhor capitão, abalando a moral de toda a tropa. A tristesa pela perda do capitão constrasta diretamente com a felicidade quando acertam o inimigo a quilômetros de distância. É o caso de um soldado que lamenta não estar mais perto de sua vítima, quando sabe que um de seus alvos teve o corpo despedaçado ao ser atingido por um de seus tiros. “Só lamento não estar mais perto para poder ter visto ele morrer”, diz.

Mas, uma real derrota parece ser mesmo a que apresenta-se através dos depoimento dos soldados que hoje puxam aqueles momentos pela lembrança. Se um deles diz, com um sorriso incompreensivel, que não pode dormir por que tem sempre tem pesadelos, um outro, com os olhos esbugalhados olhando para o nada, fala que desde a 2ª guerra e a do Vietnã não havia um grupo como o deles, sob tanta pressão. “Eles [o governo] ainda não sabem o que fazer conosco”, revela. Há ainda a ironia que apresenta um soldado que foi criado por hippies e seus país não o deixavam brincar nem com pistola d’água, para depois vermos ele se divertindo com uma

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