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Festivais

21o Cine Ceará (2011) – noite 1

Cine Ceará dá partida com O Coro

Por Luiz Joaquim | 09.06.2011 (quinta-feira)

FORTALEZA (CE) – Começou ontem (08/06) o 21o Cine Ceará: Festival Ibero Americano de Cinema. Apesar da discreta homenagem a atriz Giula Gam – nos moldes das feitas pela Cine-PE, com clipe do Canal Brasil exibindo trechos de filmes e breve comentário da atriz sobre o cinema -, a grande vedete da noite foi mesmo o Theatro José de Alencar. Este ano a construção centenaria é a sede do festival, enquanto a tradicional sede, o Cine São Luiz cearense, agora assumido pelo governo do Estado, está em reforma.

A atriz de “Árido Movie”, que é a primeira de seis homenageados dessa edição do festival, foi sucinta no agradecimento, pedindo vida longa ao Cine Ceará, uma vez que “a cultura civiliza”, disse no palco. Já a curadoria foi astuta em programar apenas um longa-metragem – “O Coro”, do paranaense Werner Shumann – para a noite de abertura.

A projeção iniciou logo após o cerimonial de abertura com agradecimentos à patrocinadores e pronunciamento de Ana Paula Santana, secretária do Audiovisual, que representou sua chefe, a ministra da Cultura, Anna de Holanda. “O Cine Ceará tem a cara do MinC, que faz uma política convergente e que olha o passado para pensar o futuro”, declarou.

Apesar de estar com quase todos seus 800 lugares ocupados – apenas com convidados, a abertura ao público só inicia hoje (9/6) -, a platéia começou a encolher aos 15 minutos do longa de Schumann que, com narrativa quebrada, apresenta quatro personagens que participam de um coral em ensaio para uma grande apresentação numa orquestra sinfônica da 9º Sinfonia de Bethoveen.

Antes da projeção, Schumann comentou que seu interesse estava na individualização dos problemas humanos, mesmo estando as pessoas tão unidas por uma causa comum (a arte). De fato, entre Antônia (Silvia Monteiro, presente em Fortaleza), o maestro (Emanuel Martinez), uma segunda cantora e também operadora de telemarketing (Célia Ribeiro Alves) além do barítono (Paulo Barato) – que tenta a todo momento falar ao telefone com Beckett, numa referência arregaçada à peça “Esperando Godot” do dramaturgo irlandês -, em “O Coro”, estes quatro personagens sofrem por um solitário vazio existencial

Entretanto, na opção narrativa de Schumann, ele parece ter cometido um desequilíbrio no espaço que dedica a cada um. E, apesar de Antônia ser a mais agraciada aqui, é a performance econômica e correta da operadora de marketing que chama a atenção. Outro aspecto que chama a atenção, mas não positivamente, foi a opção em descolorir o filme, cujas imagens perderam a força, num preto & branco inócuo, de pouco contraste. Em contrapartida, o rigor no enquadramento do fotógrafo Felipe Meneghel é belo.

“O Coro” venceu o prêmio estadual de cinema e vídeo da Secretaria da Cultura do Paraná em 2004, ganhou uma versão para TV em 2005 e outra para o cinema, produzida no Reino Unido ano passado, quando estreou no Festival de Mar del Plata.

Em entrevista coletiva hoje (09/06) pela manhã, Schumann lembrou que “O Coro” faz parte de uma trilogia iniciada com “O Sol na Neblina” (2009) e, o ainda em edição, “A Dimensão”. “Este últmo terá mais alegria, só que num aspecto que Jacque Tati daria. Será também amargo”, adianta.

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