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Festivais

21o Cine Ceará (2011) – noite 2

Cuba em foco no Ceará

Por Luiz Joaquim | 10.06.2011 (sexta-feira)

FORTALEZA (CE) – A curadoria do 21o Cine Ceará: Festival Ibero americano de Cinema combinou a homenagem na noite de ontem (09/06) com o longa-metragem competitivo. Isso porque o evento celebrou o senhor Ovídio Gonzáles Hernández, pelo seu trabalho no laboratório de fotografia na Escola Internacional de Cinema e Televisão de Cuba (EICTV), e depois mostrou a produção cubana “Bilhete para o Paraíso”, de Geraldo Chijona.

Ainda da ilha de Fidel, o Cine Ceará organiza uma mostra com 11 curtas-metragens produzidos na EICTV, incluindo “Os Minutos, As Horas”, de Janaína Marques Ribeiro, com o qual esteve em Cannes em 2010. Sobre “Bilhete Para o Paraíso”, a produção reforça o espírito do cinema cubano para o melodrama sob uma competência técnica rigorosa.

Mas Chijona dosa com cuidado a carga melodramática aqui. O faz com parcimônia ao nos levar a 1993 para contar a história de uma juventude perdida – auto-intitulada de ‘freaks’ – entre a opressão da família e uma vida errante pelas ruas de Havana e outras cidades. O escape deles contra a violência, a miséria e até o abuso sexual é o rock’n’roll metaleiro e as drogas.

O enredo segue a trajetória da adolescente Eunice (Miriel Cejas), interioana que foge para outra cidade em busca irmã mais velha para escapar dos abusos do pai. No caminho une-se a três jovens de rua e ingressa no universo deles, até se ver perdida entre seu trauma sexual e entregar ao novo namorado (Hector Medina); por sua vez já envolvido com uma drogada portadora de HIV. Depois de um trajetória que inclui a mendicância, Eunice acaba num hospital por opção própria.

“Bilhete Para o Paraíso”, repetimos, impressiona principalmente pela acuidade técnica – fotografia e montagem em particular -, e também por surgir como um trabalho curioso, mostrando um perfil da juventude e da sociedade cubana como não a estamos habituados a perceber. O lado negativo parece ser um excesso de reviravolta na trama, conduzindo o espectador ao choro fácil.

Antes, o festival exibiu o primeiro programa de curtas-metragens em competição, com destaque para a animação mineira “O Céu no Andar de Baixo”, de Leonardo Cata Petra, e o paulista “Com a Mosca Azul”, de Cesar Netto. A revisão só reforça o talento de Cata Petra por ter criado um universo tão particular, e tão universal, a respeito dos medos e carências afetivas. Já o segundo, é um excelente exercício de roteiro, montagem, fotografia e atuação para a ideia sobre a brevidade da vida.

Ainda foram exibidos “A Casa das Horas”, de Heraldo Cavalcanti; “Fábula das Três Avós”, de Daniel Turini; e Pegadas de Zilá”, de Valério Fonseca.

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