Festival Varilux (2011) – abertura
Allons-y au cinéma!
Por Luiz Joaquim | 09.06.2011 (quinta-feira)
O primeiro ponto a se destacar do Festival Varilux de Cinema Francês, que inicia amanhã no Cinema da Fundação Joaquim Nabuco (e outras 21 cidades brasileiras) é a excelência de sua produção assumida em 2010 pela distribuidora franco-carioca Bonfilm, pela pessoa de Christian Boudier. Desde o ano passado, quando saiu das mãos da Pandora Filmes e passou para o empreendimento de Boudier, o evento vinculado ao governo francês, e majoritariamente patrocinado pela empresa Essilor-Varilux (fabricante das lentes Varilux), deu um pulo no profissionalismo. E isso, claro, inclui a competência na curadoria.
Pode-se dizer que hoje a estrutura do Varilux não é mais a de uma ‘mostra bacaninha de filmes da França’, mas sim a de, realmente, um festival de cinema – mais consistente, inlcusive, que a de outros eventos no Brasil que se intitulam de ‘festival’. Nesta edição, por exemplo, o Varilux traz ao Rio de Janeiro a diva Catherine Deneuve e a atriz Audrey ‘Amelie Poulan’ Tautou para o lançamento, respectivamente, dos filmes “Potiche: Esposa Troféu”, de François Ozon, e “Uma Doce Mentira”, de Pierre Salvadori; além da atriz e realizadora Sandrinne Bonnaire (que ganha uma mostra própria, com oito filme – mas no Recife só dia 10 de agosto). Bonnaire aparece ainda em “Xeque-Mate”, de Caroline Bottaro (também presente), que pode ser visto já nesta semana pelo Varilux.
Outros franceses presentes no evento, no Rio de Janeiro, repetimos, são Yahima Torrès, atriz de “Vênus Negra”, de Abdellatif Kechiche; Aure Atika, atriz de “Copacabana”, de Marc Fitoussi; Nicolas Vannier, diretor de “Lobo”; Philippe Martin, produtor de “Uma Doce Mentira” e de “O Pai dos Meus Filhos”; e o diretor Alain Gagnol, pelo infantil “Um Gato em Paris”. Este último, junto ao clássico “Orfeu Negro”, de Marcel Camus e vencedor da Palma de Ouro em Cannes (1959), ganha uma exibição ao ar livre no Forte do Leme (RJ).
Outra movimentação do evento este ano é o debate sobre o mercado no encontro “Cinema digital e diversidade cultural: Desafios e oportunidades para as indústrias brasileira e francesa”. Acontecerá em Copacabana e conta com a participação da diretora da Unifrance Film, Régine Hatchondo, representantes do Centre Nacional Du Cinéma (CNC), e Gregoire Lassale, presidente do maior site sobre cinema da França, o “Allo Cine” (http://www.allocine.fr).
Por aqui pelo Recife, “apenas” os dez filmes da seleção oficial. As aspas no ‘apenas’ vale, considerando a boa oferta em que se configura a programação. A começar por “Potiche”, que esteve no 67º Festival de Veneza (2010). Além de Deneuve, a obra traz Gerard Depaurdieu na humorada história que se passa em 1977, quando uma esposa submissa assume a empresa do marido quando este é sequestrado.
Outro obra divertida (e também reflexiva) é “Copacabana”, com uma Isabelle Huppert fascida pelo Brasil e herdeira do ideal hippie, livre e feliz, mas sem dinheiro, se vendo obrigada a trabalhar como agente imobiliária para angariar a aceitação de sua filha “careta” que está prestes a casar. Já em “Vênus Negra” – sucesso na Mostra de SP 2010 -, vamos a Paris de 1817 para ver cientistas comparando os negros ao macacos. E a humilhação não pára por aí.
Não menos forte é “O Pai dos Meus Filhos” (prêmio especial do júri no Un Certain Regard de Cannes 2009), que deve agradar especialmente o público que admira o próprio universo do cinema. O protagonista é um produtor de cinema feliz, em que tudo dá certo na sua vida profissional e pessoal. Mas, como fazer filmes significa correr riscos, ele é obrigado a ver tudo mudar muito rapidamente. Com estas, e as outras seis atrações, só nos resta obedecer ao comando francês que diz: “allons-y au cinéma!”
VARILUX 2011 – PROGRAMAÇÃO
quinta, 9/6 – abertura 20h
sexta, 10/6
16h – os nomes do amor
18h10 – Potiche
20h20 – Uma doce mentira
sábado, 11/6
16h30 – Um gato em Paris
18h – Copacabana
20h20 – Potiche
domingo, 12/6
15h50 – Um gato em Paris
17h10 – Venus Negra
20h20 – Os nomes do amor
segunda, 13/06
16h – Os pais dos meus filhos
18h10 – Uma doce mentira
20h20 – Xeque-mate
terça-feira, 14/06
16h20 – Xeque-mate
18h20 – Simon Verner desapareceu
20h20 – Lobo
quarta-feira, 15/06
15h10 – Lobo
17h10 – O pai dos meus filhos
19h20 – Venus Negra
Quinta-feira
16h – Simon Verner desapareceu
18h – Potiche
20h10 – Copacabana
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