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Festivais

1º Lume (2011) – dia 3

Pérolas do cinema no Maranhão

Por Luiz Joaquim | 17.07.2011 (domingo)

SÃO LUIZ (MA) – A imprensa nacional já descobriu, o público ludovicense (naturais de São Luiz) está descobrindo e, aparentemente, falta a secretaria de cultura da capital maranhense descobrir a dimensão do presente cultural que Frederico Machado e sua pequena equipe – com cerca de sete pessoas – estão dando à região com o 1º Festival Internacional Lume de Cinema.

Tocado apenas com o apoio do Governo do Estado e de cinco empresas apoiadoras para infra-estrutura e divulgação, Frederico está, com este festival, colocando São Luiz num circuito cultural nacional e estrangeiro de luxo, não só por projetar uma cinematografia (com mais de 100 filmes) ousada e autoral, ainda inédita no País, mas também por trazer cineastas do quilate de Brillante Mendonza (filipino que circulou em Cannes e Veneza), como também realizadores premiados de todo o Brasil (os mineiros Tiago Mata Machado e Rodrigo Siqueira, os cearenses do Alumbramento, o gaúcho Fabiano de Souza) para debater suas produções.

Na abertura, quinta-feira passada, o Theatro Arthur Azevedo ficou ainda mais bonito com uma platéia concorrida para ver “Lola”, de Mendonza, e o mesmo deve acontecer no encerramento (dia 23) com a exibição do americano “Caminho Para o Nada”, de Monte Hellman. As sessões competitivas e mostras especiais se dividem entre o Cine Praia Grande (120 lugares, com um programação feita pela Lume) e o Teatro Alcione Nazaré (300 lugares, adaptado para um cinema, como o Teatro Guararapes no Recife durante o Cine-PE). Ambos fazem parte do Centro de Criatividade Odylo Costa Filho, no centro histórico de São Luiz.

Três programas no sábado deram a dimensão da bem-vinda diversidade do Festival Lume. Na mostra Olhar Crítico, o documentário romeno “Metrobranding”, de Ana Vlad e Adi Voicu; na competitiva internacional, com a ficção argentina “Norberto Apenas Tarde”, de Daniel Hendler; e na hors-concours, “Um Filme de Terror”, do sérvio Srdjan Spasojevic, que será distribuído no Brasil pela também maranhense Petrini Filmes.

No primeiro, há uma revisita a produtos (tênis, bicicletas, lâmpadas, máquina de costura) fabricados na Romênia durante a ditadura de Ceausescu, quando não existia concorrência. Com um certo tom nostálgico, entrevistando usuários idosos, o filme lembra da qualidade e falta de qualidade deste produtos. É um documentário curioso, que preserva a mesma atmosfera irônica dos filmes de ficção romenos.

No argentino, acompanhamos o processo de Norberto (César Troncoso). Ele é um recém-desempregado em crise com a esposa, que se torna um vendedor imobiliário, e também começa a ensaiar para uma peça de teatro amador. Descobre aí que é um bom mentiroso. A idéia de fundir o descobrimento de sua inclinação artística com o novo rumo que dá a vida é interessante, mas a reflexão parece não ir além do obvio que a produção propõe.

Já “Um Filme de Terror”, ou “A Serbian Film: Terror sem Limites”, exibido a meia-noite, está na categoria dos ‘filmes extremos’, contando a história do aposentado ator pornô Milos (Srdjan Torodovic), hoje casado, pai de um filho pequeno, e com pouco dinheiro, que aceita um último trabalho por um cachê milionário.

Seu produtor não explica o que ele terá de fazer, e o público só vai descobrindo junto com o próprio Milos quando ele acorda três dias depois de ter sido drogado por uma química que o alucina e o mantém constantemente excitado com uma libido animalesca. Difícil comentar este filme que é cinematograficamente inteligente e bem realizado, mas deveria ser inapropriado para menores de 41 anos.

A imaginação de Spasojevic para criar situações medonhas combinando sexo, violência e tortura psicológica é assustadora e parece atingir todos os limites de perversão sexual humana (sexo com animais, com grávidas, com mortos, com crianças, com bebês!). No sábado, o filme exibiu também no FantasPoa (RS) e já tem sessão garantida no CineSesc (SP).

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