4º Paulínia (2011) – noite 4
Filmes olham para o estrangeiro
Por Luiz Joaquim | 11.07.2011 (segunda-feira)
PAULÍNIA (SP) – Depois de dois dias iniciais com bons filmes brigando pelo Menina de Ouro, troféu deste 4º Paulínia Festival de Cinema, a noite do domingo arrefeceu a competição com a comédia “Onde Está a Felicidade?”, de Carlos Alberto Riccelli, e o documentário “A Cidade Ímã”, de Ronaldo German.
No palco do Theatro Municipal de Paulínia, Riccelli comentou que sempre quis fazer o sagrado percurso do Caminho de Santiago de Compostela, na Espanha, e conseguiu realizá-lo da “melhor forma, rodando um filme que aposta no humor”. Sua esposa, Bruna Lombardi, roteirizou e divide o protagonismo com Bruno Garcia.
Eles formam um casal, ambos trabalhando como apresentadores de TV – ela num programa de culinária; ele, comentarista esportivo -, que passam por uma crise quando Teo (Bruna) descobre que seu marido tem um caso virtual com outra mulher. Ao saber que vai perder o emprego, ela decide fazer a tal viagem espiritual, e seu produtor (Marcelo Airodill) vai junto para registrar a jornada e, com a ajuda da espanhola Milena (Marta Larralde, de “Mar Adentro”), transformá-lo num novo programa para a TV.
O curioso em “Onde Esta a Felicidade?” é que ele soa como um misto entre um filme de Pedro Almodóvar e uma comédia romântica norte-americana. Se por um lado temos a atmosfera almodovariana, com cores fortes, figurinos gritantes, personagens sanguíneos e algumas situações nonsense, temos também uma estrutura narrativa pela qual, paralelamente, vamos vendo o personagem do Bruno Garcia sofrendo em São Paulo e tentando se redimir pelo erro.
Ainda como modelo hollywoodiano, tem o papel de Teo, que Bruna escreveu para si, pelo qual ela busca a paz interior longe do amor espiritual, lembrando uma Julia Roberts em “Comer, Rezar, Amar”. Há também um problemático final no Piauí, que transforma o filme numa propaganda turística do Estado. Apesar de alguns exageros, que deixou “Onde Esta…” irregular, há ali alguns momentos em que o timing do humor funciona, e isso foi provado com a interação sorridente da plateia de Paulínia.
Abrindo o domingo, “A Cidade Ímã” uniu quatro estrangeiros músicos que vieram voluntariosamente morar no Rio de Janeiro e conta a relação deles com a cidade e a cultura brasileira. Quase tudo é motivo para quase “provar” uma felicidade na cidade, e transcorre numa montagem alucinada (no mal sentido), redundante e reiterativa em seus intermináveis 90 minutos.
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