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Festivais

4o Paulinia (2011) – noite 5

A vida pacata e a vida online

Por Luiz Joaquim | 12.07.2011 (terça-feira)

PAULINIA (SP) – Pouco conhecido pela própria imprensa mineira que cobre o 4o Paulínia Festival de Cinema, o documentário de Minas Gerais, “Ibitipoca, Droba pra Lá”, de Felipe Scaldini, exibiu na segunda-feira oferecendo uma agradável surpresa investigativa e reflexiva sobre a comunidade que vive em torno da Serra do Ibitipoca. A região fica a sudoeste do Estado, com cerca de 240 quilômetros da capital mineira.

O objetivo aqui era retratar o momento de transição pela qual passa o belíssimo lugar, onde hoje funciona como forte pólo turístico, mas antes abrigava uma população em comunhão com a natureza e dali tirando sua subsistência, num ritmo particular e oposto ao dos turistas.

O melhor é observar como Scaldini primeiro nos incorpora a este ritmo e realidade dos nativos (todos comoventes em seus depoimentos) que persistem em morar na região, contrastando com imagens aceleradas de extensa paisagem, usadas um pouco em excesso, é verdade, para só depois entrar na questão dos conflitos sociais do lugar. De maneira sábia, “Ibitipoca…” não polemiza, apenas coloca o assunto em foco, de forma elegante, e assim apresenta-se como um belo e memorável filme.

Em seguida, exibiu a ficção “Os 3”. O filme é a estreia solo de Nando Olival dirigindo um longa-metragem. Antes, o diretor fizera com Fernando Meirelles (presente em Paulínia) “Domésticas” (2001). A nova produção conta a história de Camila (Juliana Schalch), Cazé (Gabriel Godoy) e Rafael (Victor Mendes). Eles chegam a São Paulo para cursar a universade e se tornam amigos inseparáveis quando se conhecem numa festa. Lá decidem dividir um loft com a condição de não se envolverem amorosamente entre si.

Ao final dos quatro anos, desenvolvem um projeto que transforma sua casa num reality show, como o Big Brother, e passam por situações que testarão a força e validade de sua amizade. Num roteiro construído cuidadosamente, e com convincente entrega dos atores, “Os 3” segue soando sem um norte aparente até o momento em que a primeira traição acontece entre o trio. A partir daí fica estabelecido um problema real.

Mas, a questão é que, por pouco, o filme não se salva, pois custa a dizer a que veio. Nesse sentido, um filme de produção mais modesta, feito no Rio de Janeiro, “A Falta que Nos Move” (2009), da Chstiane Jatahy, parece ser mais eficiente quando o enredo conta com um reality show pré-pensado para o formato de um filme.

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