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Festivais

4º Paulinia Festival de Cinema

Filmes fortes, festival de luxo

Por Luiz Joaquim | 07.07.2011 (quinta-feira)

Quem ainda não entendeu a dimensão da importância em que se tornou o Paulínia Festival de Cinema – abrindo hoje sua 4ª edição no município a 114 quilômetros da capital paulista -, basta prestar atenção nas páginas de cultura dos melhores jornais do País nos próximos sete dias. Nesse período, serão vistos ali 27 filmes, dos quais 12 são longas-metragens (seis de ficção e seis documentários) e 15 são curtas-metragens, sendo três deles da região Metropolitana de Campinas. Mais importante que a pequena quantidade de filmes, está a qualidade. E nisto Paulínia vem ganhando músculos a cada nova edição.

A qualidade não cai do céu. Surge da combinação de um conforto monetário para a produção do evento promovido pelo município (um polo petroquímico abastado), associado a uma compreensão da administração de cultura de Paulínia – coordenada pelo secretário Emerson Alves – de que promover cinema é também politicamente estratégico, além de beneficiar o espírito de seus habitantes. Esse conforto monetário tem não só atraído importantes realizadores brasileiros para lançar ali seus filmes – num festival com cerca de R$ 8 milhões e que oferece 800 mil em prêmios -, como também fazem estes mesmos profissionais olharem com atenção para o polo cinematográfico que lança anualmente convidativo$ editais de produção.

O resultado é que, frequentando o Festival, acabamos vendo pela primeira vez no Brasil, alguns títulos que certamente marcarão o ano (ou o próximo ano) do cinema brasileiro. A competição de longa-metragens deste ano, por exemplo, traz, no mínimo, quatro filmes (três em ficção e um documentário) cuja expectativa vem sendo alimentada naqueles que acompanham o cenário cinematográfico nacional. Um deles é a nova obra do pernambucano Cláudio Assis, lançando “Febre do Rato”.

O título faz referência a uma expressão popular para traduzir uma excitação muita grande a ponto de deixar a pessoa fora de controle. Esse é também o nome que o inconformado poeta Zito (Irandhir Santos) dá a seu tablóide, publicado de forma independente. No filme, acompanhamos sua postura anárquica até o momento em que conhece Eneida e o nosso herói (ou anti-herói) passa a relativizar suas convicções. Ainda no elenco estão Nanda Costa, Matheus Nachtergaele, Conceição Camarotti, Maria Gladys, Ângela Leal, Vitor Araújo.

Outro trabalho que também vem sendo esperado é “O Palhaço”, segunda investida de Selton Mello na direção. Depois de seu debut em 2008 com “Feliz Natal”, bem recebido pela crítica, o ator (ele agora também atua) debruça-se sobre a história de Benjamim (Selton) e Valdemar (Paulo José), que formam a dupla de palhaços Pangaré e Puro Sangue, do Circo Esperança. Enquanto o mais jovem não tem identidade, CPF ou comprovante de residência, o mais velho está em crise e acha que não tem mais graça.

Com o pedigree de quem passou pelo mais importante festival de cinema do mundo, Cannes (na mostra “Um Certo Olhar”), chega ao Brasil via Paulínia “Trabalhar Cansa”. É a estreia num longa de Juliana Rojas e Marco Dutra. No enredo, Helena (Helena Albergaria, do curta “Um Ramo”, da mesma dupla) é uma dona de casa que abre um minimercado. Com a nova ocupação, ela contrata uma empregada doméstica para cuidar de sua casa e da filha Vanessa. Quando o marido perde o emprego, as relações pessoais e de trabalho entre os três sofrem uma inversão curiosa. Enquanto isso, algo misterioso acontece no minimercado. Além destes três trabalhos, disputam o prêmio (R$ 250 mil) de melhor longa de ficção “Meu País”, de André Ristum (SP), “Onde Está a Felicidade?”, de Carlos Alberto Riccelli (SP), e “Os 3”, de Nando Olival (SP).

Entre os documentários, aparece o veterano Vladimir Carvalho com “Rock Brasília: Era de Ouro”. O título remete a um período musical na cidade mostrada com imagens de arquivo em ótima qualidade, filmadas pelo próprio diretor desde o fim dos anos 1970. O filme encerra uma trilogia sobre a construção cultural e ideológica da capital federal; e apresenta as bandas Legião Urbana, Capital Inicial e Plebe Rude entre outras. Seus integrantes fazem parte da primeira geração de filhos de políticos, diplomatas e outros intelectuais que começou a surgir nos anos 1980. Contra Vladimir pelo título de melhor doc (prêmio de R$ 100 mil), estão “A Cidade de Imã”, de Ronaldo German (RJ), “A Margem do Xingu”, de Damià Puig Auge (SP), “Ela Sonhou que Eu Morri”, de Matias Bracher Mariani (SP), “Ibitipoca, Droba Pra Lá”, de Felipe de Barros Scaldini (MG), e “Uma Longa Viagem”, de Lúcia Murat (RJ).

O doc de Vladimir vai dialogar com uma novidade neste 4º Paulínia Festival de Cinema. O evento agrega-se ao Paulínia Fest. Outro evento municipal que contempla shows musicais. Agora, os três dias de apresentações casam com as três primeiras noites do Festival de Cinema. Logo após a projeção dos filmes no Theatro Municipal, acontece, ao lado do espaço, shows com Rita Lee (hoje); Caetano Veloso e Seu Jorge (amanhã); e Gilberto Gil e Vanessa de Mata (sábado). Acompanhe a cobertura do 4º Paulínia Festival de Cinema no CinemaEscrito a partir de domingo.

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