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Críticas

Cilada.com

Em busca da honra perdida

Por Luiz Joaquim | 08.07.2011 (sexta-feira)

Quem virá a ser Bruno Mazzeo no cinema brasileiro? A julgar por “Cilada.com” (Brasil, 2011), sua estreia na tela grande sob direção de José Alvarenga Jr., o humorista será um atrapalhado galã romântico. Uma especialidade que alguns atores hollywoodianos tomaram para si, tendo Ben Stiller como maior referência. Atribuir-lhe o título de atrapalhado não é novidade para o telespectador platinado brasileiro. Isso por que o filme é derivado direto que um quadro para a TV, criado por Mazzeo e exibido no programa “Fantástico”, da Rede Globo. Mas, galã romântico?

É que, no filme, seu personagem (com nome correspondendo a seu nome real, assim como quase todo o elenco), é apresentado como um personagem completo (ou quase), e não como um ser sem identidade que apenas comenta sua falta sorte, como fazia na TV. No longa-metragem, Bruno é apresentado como talento criativo numa agência publicitária – uma das profissões mais fáceis de parodiar no cinema. Seu chefe, por exemplo, é um Fulvio Stefanini, fã de Ray Conniff.

Bruno também tem endereço fixo e uma namorada (Fernanda Paes Leme). É, a propósito, de um flagra de traição por parte de Bruno e descoberto por Fernanda que “Cilada.com” tem sua propulsão. Indignada, a moça posta na internet um vídeo mostrado o casal numa relação sexual cuja performance de Bruno dura 12 segundos. Alvo de piadas pela sua ejaculação precoce, Bruno passa o filme inteiro tentando pedir desculpas a moça, ao mesmo tempo em que procura salvar sua honra na sociedade virtual e real.

Para resolver o primeiro caso, basta dizer a Fernanda as três palavras mágicas: “eu te amo”, coisa que não consegue nem balbuciar, embora sinta isso mesmo pela moça. Para o segundo caso, ele contrata o videomaker Marconhão (Serjão Loroza), fã de um fictício cineasta russo, chamado Smirilhova, cuja obra vanguardista obscura só ele conhece. A função de Marconhão é registrar uma nova e longa performance sexual de Bruno para depois divulgá-la pela internet. As piadas giram, então, em torno de como conseguir uma vítima para acompanhá-lo no vídeo.

“Cilada.com” é parte de uma trilogia que começou com a catástrofe “Muita Calma Nessa Hora” (2010) e terminará em 2012 com a adaptação para o cinema de “E aí, Comeu?”, a partir de um texto de Marcelo Rubens Paiva, também com Bruno Mazzeo atuando, além de Marcos Palmeira.

De diferente de “Muita Calma…”, “Cilada.com” possui o crédito de apresentar um protagonista em que quase conseguimos enxergar como real. Bruno Mazzeo tem boa presença em cena e o filme promove um esforço para que não soe apenas como uma piada carioca e sim um filme reconhecível em qualquer lugar.

Interessante observar como a paisagem carioca, despudoradamente utilizada em filmes desse gênero, foi relegada aqui. Do ponto de vista geográfico, ganhou espaço (curioso) um Rio de concreto; e ficou em primeiro plano o drama (humor) do personagem. Por outro lado, o ranço da estética televisiva salta aos olhos já nas seqüências iniciais. Com planos sempre médios ou fechados no rosto dos atores, a mise-en-scene é um campo quase inexplorado aqui. Salva-se a primeira seqüência da reunião na agência publicitária de Bruno com seus clientes do Governo.

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