Os Pinguins do Papai
Carrey erra nas caretas
Por Luiz Joaquim | 01.07.2011 (sexta-feira)
“Os Pinguins do Papai” (Mr. Poppers Penguins, EUA, 2011), que estreia hoje, é um filme misterioso. E em diversos níveis. O primeiro mistério é, por que pinguins e não coelhos, ou cangurus, ou esquilos? Na verdade isso não tem a menor importância, como qualquer outra coisa neste novo filme de Mark Waters, com Jim Carrey se esforçando nas caretas.
Na verdade, a resposta para ‘por que pinguins’ vem da própria natureza do bicho; e o belo documentário francês “A Marcha dos Pinguins”, Oscar da categoria em 2006, ajuda nessa informação. Sabe-se que os pinguins escolhem apenas uma parceira para toda a vida, e enquanto elas chocam os ovos, o macho viaja quilômetros, por semanas, a procura de comida para os filhotes.
Serve aqui de exemplo para o personagem de Carry – Popper – tomar prumo na vida. Ele é um corretor de sucesso que compra imóveis estratégico em Nova Iorque para a empresa milionário que pretende tornar-se sócio. Seu sucesso tem um custo. Está separado da esposa (Carla Gugino) e não goza da simpatia dos filhos (Madeline Carroll e Maxwell Perry Cotton).
Mas como seis pinguins entram na história? Na infância, Popper tinham um pai aviador, ausente como ele, que ao morrer deixou de herança um pinguin congelado para ser criado pelo Popper homem de negócios, urbano, que agradece a Deus pelo fim de semana e pelo início da segunda-feira. Popper tenta se livrar do problema, que aumenta com a chegada de outros cinco animais, mas a simpatia de seu filho caçula pelos bichos exóticos faz o personagem repensar seu plano.
Mesmo com o enredo explicado, perguntamos, mas por que pinguins? Quando sabemos que o trabalho dos roteiristas Sean Anders, John Morris, Jared Stern foi feito a partir do livro infantil de Richard e Florence Atwater que dá origem à história de Popper, ficam um pouco mais claras as razões da produção deste filme. Some-se a isso o absurdo (mas já longínquo) sucesso de “A Marcha dos Pinguins” nos EUA e temos a resposta.
O resultado é que “Os Pinguins do Papai” amarga um fracasso em sua própria terra. Mesmo sendo uma produção de baixo orçamento, US$ 55 milhões (para aqueles padrões), o filme não se pagara até segunda-feira passada (foi lançado por lá dia 17), tendo arrecadado apenas US$ 44,6 milhões.
De fato, falta empatia sob todos os aspectos aqui. O filme é dirigido às crianças, mas Carrey parece um palhaço cansado e sem graça. Os filhos de seu personagem têm pouco espaço na trama, e os pinguins irritam mais que divertem. O discurso em prol da perfeita família americana também está lá, mas empastelado como numa lata de conteúdo vencido.
O diretor Waters já foi mais engraçado com seu “Meninas Malvadas” (2004) e mais envolvente com o simpático “E Se Fosse Verdade…” (2005). Esperamos que ele consiga voltar a realizar suas ‘sessões da tarde’ melhor condimentadas.
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