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Reportagens

30 anos sem Glauber

O mundo não esquece Glauber

Por Luiz Joaquim | 22.08.2011 (segunda-feira)

Há exatos 30 anos, às 9h30 de 22 de agosto de 1981, falecia na clínica Bambina, no bairro de Botafogo, Rio de Janeiro, o (até hoje) mais celebrado cineasta brasileiro no Exterior: Glauber Rocha, aos 42 anos. Exilado em Portugal desde o início dos anos 1970, Glauber voltou ao Brasil para morrer. Chegara três dias antes e saiu direto do aeroporto, de ambulância, para a clínica.

Resistiu como pôde à septicemia e ao choque bacteriano, mas depois de passar por 18 dias (ainda em Lisboa) de tratamento intensivo, veio a falecer, recebendo no atestado de óbito a seguinte descrição dada pelo médico: “Um dos mais extraordinários, lúcidos e honestos intelectuais desse País”. O médico era Ivo Pitanguy. O corpo foi levado ao Museu de Arte Moderna do Rio, onde foi velado até o dia seguinte.

Três décadas após sua morte, Glauber ainda é celebrado (e ainda não totalmente compreendido) pela sua genialidade. Hoje usam impunemente (ou quase criminosamente) sua impactante frase “Uma câmera na mão e uma ideia na cabeça”, sem nem saber o real sentido por trás da assertiva deste pensador e agente do Cinema Novo.

Uma outra de suas famosas frases, por outro lado, traduz a atmosfera de constante revolução estética e intelectual as quais moldavam a vida do realizador: “Os senhores que antes me chamaram de gênio, agora me chamam de burro. Devolvo a genialidade e a burrice. Sou um intelectual subdesenvolvido como os senhores, mas, diante do cinema e da vida, tenho pelo menos coragem de proclamar minha perplexidade”, escreveu.

Glauber se referia aos críticos de seu trabalho, uma que vez que o chamaram de gênio quando realizou “Deus e O Diabo na Terra do Sol” (1963). Saldaram-na como uma obra-prima – filme que levou o título, por unanimidade, de melhor direção em Cannes; e anos depois o chamaram de equivocado ao realizar “Terra em Transe” (1967), pelo qual criticava a política brasileira pré-golpe de 1964, incluindo aí a esquerda e direita da política nacional.

O baiano, de Vitória da Conquista, não se entregaria fácil. Depois fez “Câncer”, “O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro”, “Cabeças Cortadas”, todas as obras de intensa força cinematográfica, algumas premiadas, mas sempre bastante aguardadas, estando sempre sob o foco de discussões por especialistas em todo o mundo, como acontece ainda hoje.

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