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Festivais

39° Gramado (2011) – abertura

O Palhaço e Riscado abrem esta edição

Por Luiz Joaquim | 04.08.2011 (quinta-feira)

Amanhã (5/8/2011) tem início a mais um capítulo da história do cinema brasileiro com a abertura do 39° Festival de Cinema de Gramado. Com quase 40 edições, não dá para desconsiderar este já que foi um evento lançador de tendências no cinema nacional e sobreviveu ao holocausto cinematográfico chamado Collor de Melo no início dos anos 1990.

Tanto que, em 1992, a mostra se viu obrigado a mudar de nome para Festival de Cinema Brasileiro e Latino, aceitando obras ibero-americanas para continuar existindo, e só retornando em 2007 às origens nacionais (ano em que Paulo Caldas saiu de lá com o Kikito da crítica e do público por “Deserto Feliz”), mantendo, entretanto, uma paralela competição latina.

É verdade também que, ao longo dos anos, Gramado assumiu e floresceu um perfil pelo qual o glamour pautava boa parte de seus interesses, considerando o quão importante era o atrativo das celebridades para uma cidade turística como esta na Serra Gaúcha, a 115 quiilômetros de Porto Alegre.

Mas, é verdade também, que, a partir de 2006, quando passou a receber curadoria do crítico José Carlos Avellar e o cineasta Sérgio Sanz, o festival tem buscado alcançar uma sintonia com o que se produz nas diversas camadas de criação formal e estética pela qual o cinema brasileiro vem passando.

Este ano foram cerca de 180 longas inscritos e resultou numa seleção exatamente diversificada nos aspectos citados. Mas outra novidade também marca esta edição. Dos sete longas-metragens brasileiros em competição, dois já exibiram em outros festivais – “Riscado”, Gustavo Pizzi (no Festival do Rio 2010 e Mostra Tiradentes 2011); e o doc. “Um Longa Viagem”, de Lúcia Murat (em Paulínia 2011); além do filme de abertura de amanhã: “O Palhaço”, de Selton Mello.

O ator, à próprosito, será o homenageado especial do evento ao lado de Fernanda Torres, que receberá o troféu Oscarito, dedicado a grande atores ou atrizes brasileiros, assim como Domingos Oliveira recebe o troféu Eduardo Abelin, dedicado a grandes diretos nacionais.

Dos cinco filmes restantes na competição, dois representam Pernambuco. Paulo Caldas volta ao Palácio dos Festivais na segunda-feira, quando projeta “O País do Desejo”,com Fábio Assunção no papel de um padre que se envolve com uma pianista (Maria Padilha) vítima de uma doença crônica nos rins.

E no dia seguinte, a outra produção pernambucana, da Vídeo nas Aldeias (vencedora de Gramado 2009 com “Corumbiara”), será representada pelo trio de diretores Carlos Fausto, Leonardo Sette, Takumã Kuikuro. O documentário chama-se “As Hiper-Mulheres” e nos leva ao Alto Xingu, no Mato Grosso, para nos apresentar ao maior ritual feminino indígina da região, o Jamurikumalu.

Os outros concorrentes vêm de São Paulo, “Olhe Pra Mim de Novo” (quarta-feira), doc de Cláudia Priscilla e Kiko Goifman vendido como “um road-movie no sertão nordestino”; e do Rio de Janeiro, “Ponto Final” (sábado), de Marcelo Taranto, ficção com Hermila Guedes e Roberto Bomtempo numa história de um pai e sua relação com a filha, vítima da violência no Brasil.

Grande expectativa está em “O Carteiro”, que marca a volta do ator Reginaldo Farias na direção (o último foi “Agüenta Coração”, 1983). Rodado no interior do Rio Grande do Sul, apresenta um carteiro que viola as correspondências até que se apaixona por uma cliente.

Na competição latina, destaque para o argentino “Medianeira” (sábado), de Gustavo Taretto, autor de um cativante curta-metragem homônimo do qual ele desenvolve a história para este longa. Conta a história de dois jovens, Mariana e Martin, que nunca se encontram, apesar de estarem quase sempre se esbarrando na grande Buenos Aires.

Os outros estrangeiros vêm do Chile (“La Lección de Pintura” de Pablo Perelman); México (“A Tiro de Pedra”, de Sebastian Hiriat); Uruguai (“El Casamiento”, de Aldo Garay); Colômbia (“Garcia”, de Jose Luis Rugeles); Peru (“Las Malas Intenciones”, de Rosario Garcia Montero). Entre os 16 curtas em competição, de mais de 300 inscritos, está o pernambucano “Calma Monga, Calma!”, de Petrôneo de Lorena.

Entre os encontros importantes durante o festival está o seminário “A censura voltou? O veto ao longa ‘A Serbian Film’ em questão”, que acontece na tarde de sábado. A ação é um promoção da Associação de Críticos de Cinema do RS (ACCIRS) com a Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine).

As duas instituições, junto ao Festival de Gramado, convidaram Frederico Machado (diretor da Lume Filmes e do Festival Internacional Lume de Cinema), João Pedro Fleck (diretor do Fantaspoa: Festival Internacional de Cinema Fantástico de Porto Alegre), e Luiz Zanin Oricchio (presidente da Abraccine), além de Roger Lerina (presidente da ACCIRS) e Davi Pires (diretor do Departamento de Justiça, Classificação, Títulos e Qualificação do Ministério da Justiça).

Eles discutem o assunto mais polêmico do momento na mídia cinematográfica do País. O veto ao filme sérvio citado. Acompanhe a cobertura do Festival de Gramado a partir de domingo (7) noCinemaEscrito.

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