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Festivais

39º Gramado (2011) noites 1 e 2

Crises e amores em Gramado

Por Luiz Joaquim | 07.08.2011 (domingo)

GRAMADO (RS) – Após uma entusiasmada homenagem no Palácio dos Festivais ao ator Selton Mello na noite de sexta-feira, abrindo o 39º Festival de Cinema de Gramado, sucedeu a exibição de seu segundo longa-metragem como diretor, “O Palhaço”, no qual o próprio Selton interpreta o palhaço Pangaré, em crise com sua vocação.

Numa combinação interessante, o primeiro longa-metragem brasileiro em competição exibiu na sequência. “Riscado”, de Gustavo Pizzi. Como uma reflexão sobre a vocação do artista, seu enredo acompanha o percurso da atriz carioca Bianca (Karine Teles), que ganha a vida entregando panfletos fantasiada, além de animar festas caracterizada como diva de cinema, e produzindo um peça com sua trupe teatral. Mas aí surge a chance de protagonizar um filme co-produzido com a França.

Entre vários méritos, “Riscado” apresenta o talento de Teles (desde já forte corrente a melhor atriz por aqui) e o vigor narrativo, além de leve e fluído, que Pizzi imprime ao seu filme. Brincando com as janelas de exibição, a produção molda nosso olhar em três formatos (digital 1:1,85 / 16mm / digital de uma câmera fotográfica). E o faz não apenas por bossa, mas com sentido narrativo. A primeira perspectiva é do nosso olhar, do espectador, sobre a história. A segunda oferece uma perspectiva íntima da personagem; e a terceira é o próprio olhar de Bianca sobre o mundo. Simples e eficiente.

No sábado, o argentino “Medianeiras: Buenos Aires na Era do Amor Digital”, de Gustavo Taretto, inaugurou a competição latino-americana. Derivado de um curta-metragem homônimo realizado em 2005, Taretto expande sua ideia de relacionar o desordenado urbanismo e arquitetura da cidade com o afastamento e desencontros entre as pessoas.

Aqui Martin (Javier Drolas) vive de desenvolver sites e encomenda tudo que precisa pelo computador, tornando-se um recluso principalmente depois que foi deixado pela namorada. Do outro lado da rua vive Mariana (Pilar López de Ayala, atriz espanhola que interpreta a falecida de “O Estranho Caso de Angélica”).

Ela é uma arquiteta que vive de decorar vitrines, e também está aprendendo a ser sozinha depois de encerrar um relacionamento de quatro anos. Logo logo percebemos que ambos são perfeitos um para o outro, mas nunca se encontram. Com ótimo ritmo, personagens consistentes, situações convincentes e boas performances “Medianeiras” é um belíssimo trabalho romântico que procura referência explícita em “Manhattan” de Woody Allen. O filme será distribuído no Brasil pela Imovision.

O segundo longa brasileiro a ser apresentado foi “Ponto Final”, de Marcelo Taranto, com Hermila Guedes (ausente no Festival) e Roberto Bontempo. Eles são dois estranhos que se encontram num ônibus imaginário, ambos fugindo de uma dor particular. Em tom e formato declamatório, o filme, lamentavelmente, soa como teatro filmado.

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