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Kracauer

Câmera clara 256

Por Luiz Joaquim | 01.08.2011 (segunda-feira)

Quem acha que teoria de cinema é apenas um questão para acadêmicos, perde a chance de perceber nuances e sutilezas da arte que certamente engrandece a percepção do prazer e da reflexão fílmica. Entre diversos teóricos, no campo realista, o alemão Siegfried Kracauer (1889-1966) nos oferece uma das mais belas e frescas (recentes) ideias, com a sua ‘Teoria do Filme’, desenvolvida em 1960. O alemão nem foi tão celebrado na Europa, mas provocou enorme impacto na Inglaterra e Estados Unidos. Implicito em toda a produção crítico de Kracauer está a teologia do cinema. Ao final, ele dirige seu foco para a concepção do objetivo do cinema na vida do homem. Está é, sem dúvida, a seção mais excitante de sua produção. Proporciona um florescimento intelectual depois do tom mais acadêmico pela qual sua teoria é exposta. Num texto de dez páginas, o pensador atribui difusão e o vazio encontrados na vida contemporânea ao desaparecimento e à fragmentação das ideologias. A cultura não é mais apontada pela crença, religiosa ou de qualquer outro tipo. Apesar de a sua ser apenas uma entre várias vozes que deploram a moderna terra devastada, ele, de modo mais particular, juntou isso ao que afirmava ser o fracasso da ciência. A ciência fez extravagantes promessas de substituir a religião por um sistema moderno e irrefultável no qual todos poderiam se beneficiar. A reinvindicação da ciência baseia-se em seu suposto vínculo com as verdades da natureza. Para Kracauer, o fracasso da ciência foi o resultado de seu incansável mergulho na abstração. Em vez de nos ajudar a aprender a conhecer, amar e viver em harmonia com as coisas e seres no mundo, a ciência vem, com insistência, dissecando essas coisas e seres à procura das leis que os controlam. Cabe aos cineastas (e aos fotógrafos) – diz Kracauer entre outras coisas – que eles nos salvem desta pequenez mortal. E para você leitor, não ter dúvida que o assunto aqui é cinema, pode começar a conhecer Kracauer pelo livro “As Principais Teorias do Cinema: Uma Introdução”, de J. Dudley Andrew (Zahar Editora, 2002, 221 pags.).
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América
Na sessão fechada para a imprensa, semana passada, de “Capitão América: O Primeiro Vingador”, por ordem do estúdio produtor do filme, os jornalistas foram impedidos de ver o final dos créditos, quando aparece um trailer-teaser sobre “Os Vingadores”, que estreia em 2012 reunindo Capitão América, Hulk, Thor, Homem Aranha e outros. Não dá pra entender tal postura. É de se pensar em que mundo essas pessoas vivem, pois parecem não conhecer uma realidade chamada internet. Para quem for aos cinemas e não quiser esperar até o final dos créditos do filme, digite “Captain America Post Credits Scene: The Avengers (2012) Trailer” no Youtube (ou clique no link abaixo) e veja o tal trailer, já postado há sete dias na web.

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Alê Abreu
O diretor, produtor e animador Alê Abreu é objeto de duas exposições no CineSesc SP: uma específica sobre seu novo longa “Cuca no Jardim”, e a outra realizando uma retrospectiva conceitual de sua carreira. Cuca é um menino que vive em um mundo distante, numa pequena aldeia no interior de seu mítico país. Certo dia, ele vê seu pai partir em busca de trabalho, embarcando em um trem rumo à desconhecida capital. As semanas que se seguem são de angústia e lembranças confusas. Até que, numa determinada noite, uma lufada de vento carrega o menino para um lugar distante e mágico. O novo longa-metragem de animação de Alê Abreu, da Filme de Papel, deve estrear em 2013.

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Fliporto 2011
A Festa Literária Internacional de Perambuco (Fliporto) 2011 acontece de 11 a 15 de novembro, em Olinda. No evento, além de palestras e debates, haverá o Cine Fliporto, sob curadoria do professor e crítico Alexandre Figueirôa. Neste ano o tema será “Uma viagem ao Oriente”, especialmente a visão de Gilberto Freyre sobre o oriente. Já estão confirmados a série “Casa-grande & Senzala” (Nelson Pereira dos Santos), a série “Assombrações do Recife Velho” (Luni Produções), “Oh! De casa!” (Kátia Mesel), “Guia prático, histórico e sentimental da cidade do Recife” (Léo Falcão), “Gilbertianas” (Geneton Moraes Neto) e “O mestre de Apipucos” (Joaquim Pedro de Andrade).

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