Morre Raúl Ruiz
Ruiz era celebrado pela avant-garde francesa
Por Luiz Joaquim | 19.08.2011 (sexta-feira)
Morreu hoje, aos 70 anos, o cineasta chileno Raúl Ruiz cujo trabalho abriu os olhos do público por mais de quatro décadas para um universo imaginário, com humor bizarro e temas labirínticos no cinema contemporâneo. Querido pela avant-garde francesa, Ruiz foi para a Europa exilado e lá realizou a maior parte de sua filmografia. O trabalho que deixou no cinema faz par com a tradição fabulista que corre nas veias da literatura latinoamericana, escrita por Gabriel Garcia Marques e Jorge Luís Borges.
Estudante de teologia e artes cênicas no Chile, Ruiz e seus amigos conterrâneos criaram os primeiros ares da “nova onda” do cinema chileno, um período criativo realizado um pouco antes e durante o governo do presidente Salvador Allende. Seu primeiro trabalho como exilado surgiria em 1975, na França “Diálogos de Exilados”. Um semi-documentário sobre os chilenos vivendo em Paris. A partir de 1978, o diretor começou a ser visto com bons olhos pela crítica francesa com “L’Hypothèse du Tableau Volé”, no qual um colecionador de arte orientar um investigador sobre o sumiço de uma pintura de Frédéric Tonnerre.
O diretor continou fazendo sucesso com “Les Trois Couronnes du Matelot” (1982) e “La Ville des Pirates” (1983), até dirigir seu primeiro filme nos EUA, “The Golden Boat” (1990). Recebeu ajuda de Jim Jarmusch Barbet Schroeder, para contar a história de personagens violentos em New York. Por essa época, Ruiz fez seu filme mais caro e com a estrela de John Hurt. Era “For L’Oeil Qui Ment”, rodado em Portugal em 1992. Cinco anos depois, lançou “Genealogia de um Crime”, com Catherine Deneuve como uma advogada que se imagina como a própria vítima de seu réu.
O realizador vinha fazendo uma média de três filmes por ano, alternando entre digital e 35mm. Um dos seus mais ambiciosos projetos era “Mistérios de Lisboa” (2010), baseado no romance do português Camilo Castelo Branco.
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