Premonição 5 – 3D
Crônicas de mortes anunciadas
Por Luiz Joaquim | 23.09.2011 (sexta-feira)
Não é exatamente um mérito, mas é fato que a franquia “Premonição” (Final Destination, EUA) desenvolveu sua estrutura própria e eficaz para gerar dinheiro e susto, ou asco, numa plateia saturada dos sustos e ascos de Hollywood; mas ainda assim ávida por essas sensações, desde que convincentes.
Para quem não sabe – será possível? depois dos quatro filmes anteriores, desde 2000, terem sidos exibidos em todos os lugares? – a estrutura de “Premonição” parte de um déjà vu vivido pelo protagonista. A situação, um catástrofe colossal, sempre abre o filme. Nela, todos morrem. Mas, na verdade, entendemos que o desastre ainda está por acontecer. Ciente disso, o herói tem tempo de evitar sua morte e a dos amigos. Acontece que, pela lógica da franquia, logo depois a morte vem ‘buscar’ todos aqueles que dela escaparam.
O grande barato do filme, então, veio a ser a engenhosidade pela qual os roteiristas criam os ‘acidentes’ que matam, um a um, aqueles que traíram a morte. Sendo essa estrutura de acidentes fatais a mais mirabolante possível, a série “Premonição” acaba situando-se ali entre o suspense e a comicidade grotesca.
Considerando a sede do mercado cinematográfico por produtos que se encaixem no formato 3D, é de se espantar que este “Premonição 5 – 3D”, de Steven Quale, só esteja chegando hoje aos cinemas. Sim, porque as sequências de troncos, varões de ferro, agulhas, facas e qualquer peça pontiaguda, ou não, atravessando os corpos dos condenados é perfeito para o que o efeito tridimensional quer proporcionar ao espectador na poltrona.
Neste novo filme, um grupo de amigos, quase todos funcionários de uma mesma empresa, vão de ônibus a um retiro. A premonição de um deles, o estudante de gastronomia Sam (Nicholas D’Agosto) é que salva a vida de sete pessoas. Entre eles a namorada Molly (Emma Bell, atriz de “Pânico na Neve”, uma Uma Thurman mais jovem), e seu melhor amigo Peter (Miles Fischer, de “Super-Herói: O Filme”, um Tom Cruise mais jovem).
Na sequência, vamos acompanhado o triste fim de cada um deles, na mesma ordem em que morriam na visão de Sam. A combinação de situações que abatem a primeira vítima, a ginasta Candice (Ellen Wroe), é um ótimo exercício de suspense, com vários falsas dicas que podem resultar na desgraça. Mas pára por aí. Os acidentes seguintes voltam à linha ‘absurdo’ que marcam “Premonição”, tendo um deles, nesta edição, um gosto extra-amargo para o espectador míope que um dia fará uma cirurgia para corrigir a visão. O filme começa a perder sua força, então.
Mas o grande espetáculo (tenebroso) realmente está no acidende que derruba a ponte logo na abertura do filme. É uma combinação impressionante de maestria técnica e efeitos especiais. Uma catástrofe forjada para compor uma espécie de balé da morte.
Duas curiosidades. Uma é o sinal dos tempos em Hollywood. Na investigação, após o desastre na ponte, um policial pergunta se Sam pratica alguma espécie de ato extremo, numa insinuação explícita que ele possa ser um terrorista pelo fato de ter previsto a catástrofe. Hoje nos Estados Unidos esta é uma conexão imediata se o assunto é tragédia coletiva.
A outra, ao final do filme, diz respeito ao bilhete do avião com data de março de 2000, que Sam e Molly usam para embarcar. A data remete a data de estreia do primeiro “Premonição”, quando estreou nos Estados Unidos. Neste, a primeira premonição foi a de que um avião explodiria durante o voo. No filme 5, vemos o protagonista do filme 1 desesperado querendo sair do avião. O resto, já sabemos.
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