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Críticas

Avenida Brasília Formosa

Para ver a beleza do ordinário

Por Luiz Joaquim | 07.10.2011 (sexta-feira)

Foi na mesma sala – o Cinema da Fundação Joaquim Nabuco -, onde amanhã (8-out) entra em cartaz, que o filme “Avenida Brasília Formosa” (Brasil, 2009), de Gabriel Mascaro, foi exibido pela primeira vez. Era junho de 2009. Meses depois, o documentário ganhou sua exibição na TV Brasil, dentro da quarta edição do projeto DOC TV , cujo papel foi bastante importante em sua finalização. Dali a obra pode encontrar sua premiere mundial num cinema. Foi no Festival de Roterdã, em fevereiro de 2010, numa versão de longa-metragem (85 minutos). A mesma que é exibida hoje.

Entre Roterdã e hoje, “Avenida…” teve ótima circulação por diversos festivais brasileiros e estrangeiros, sempre acompanhados de debate interessados sobre a estratégia de Mascaro em representar na tela a história de quatro personagens residentes ou ex-residentes da comunidade Brasília Teimosa, no Recife. Entre eles está Fábio, um garçom e cinegrafista amador que registra eventos em seu bairro.

Um de seus trabalhos, inclusive, é produzir um vídeo para Débora, uma manicure da vizinhança. Ela quer participar do Big Brother Brasil. Fábio também acompanha a festa de aniversário de 5 anos de Cauan. A quarta pessoa é o pescador Pirambu, que todos os dias pega sua bicicleta e vai pedalando de um conjunto residencial no bairro do Cordeiro até a praia do Pina para pescar. Pirambu foi um dos contemplados com a moradia construída para retirar, no passado, a população das palafitas em Brasília Teimosa, abrindo espaço para a construção da avenida no título do filme.

De plástica elabora, com fotografia do cearense Ivo Lopes Araújo, algumas imagens já se tornaram inesquecíveis, como a de Pirambu pedalando calmamente, madrugada adentro, pela avenida Caxangá em direção ao sul do Recife. Ou de Fábio dando as coordenadas a Débora para, numa piscina natural da praia, ficar mais sexy na frente da câmera.

Atribui-se à “Avenida…” não apenas a qualidade de se poder contemplar essas belas imagens, mas também a de pensar na construção das situações flagradas pela câmara. “Flagrar” não é exatamente o verbo a ser usado, uma vez que Gabriel dramatizou muitas situações, fazendo os personagens interpretarem suas próprias vidas. O diretor pernambucano não é o inventor dessa ideia, mas a utiliza com bastante propriedade em prol de algo maior. Nos fazer enxergar a beleza que há no cotidiano de pessoas comuns. Nossos vizinhos.

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