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Críticas

Eu Queria Ter a sua Vida

Mitch e Dave urinam pelo pênis, mas a maior sujeira sai pela boca

Por Luiz Joaquim | 07.10.2011 (sexta-feira)

Após o sucesso de “Se Beber não Case” (2009), de Todd Phillips, Hollywood acordou para a possibilidade do politicamente incorreto poder ser, novamente, rentável. A comédia “Passe Livre” (2011), dos Farrelly, é uma prova daqueles que souberam aproveitar a onda. Agora, chega “Eu Queria ter a Sua Vida” (Change-Up, EUA, 2011), de David Dobkin. Mas não se engane, ou melhor, não confunda “politicamente incorreto” com o que aqui é mostrado, ou seja, grosseria, inconveniência e apelação para tentar fazer graça.

Essa estratégia espelha, na verdade, uma inteligência curta para o humor que, para tentar chegar a ele, só consegue escorando-se em tópicos sagrados da humanidade (vida, família, morte), para daí fustigá-los pelo sexo. Nesta mesma semana, tivemos aqui no Brasil um exemplo. O “comediante” (SIC) Rafinha Bastos comentou, na TV, que faria sexo com a cantora Wanessa Camargo, que está grávida, e também com o bebê dela.

David Dobkin, conhecido pelo também equivocado “Penetras Bom de Bico” (2005), segue a mesma linha no novo filme. Temos nele um fracassado ator trintão de filmes pornôs leves, sem sexo explícito, chamado Mitch (Ryan Reynalds). Mitch, cuja idade mental parece estar entre 11 e 13 anos, é o melhor amigo (incoerência) de Dave (Jason Bateman), um advogado de sucesso prestes a se tornar sócio de uma empresa zilionário, e pai de três filhos, sendo dois gêmeos bebê.

Mitch odeia ser pobre. Dave odeia não possuir outras mulheres, principalmente a bonitona do escritório (Olívia Wilde). Certa noite, urinando numa fonte dos desejos, ambos desejam ter a vida um do outro e… na manhã seguinte está armada a troca.

Como se não bastassem a piadas estúpidas de Mitch quando no corpo de Dave, aconselhando a primogênita de sete anos daquele a resolver os problemas na escola com violência; ou Dave no corpo de Mitch tendo de atuar num filme pornô com uma velha atriz decadente e também se submeter ao sexo com uma ninfomaníaca grávida de nove meses, “Eu Queria ter a Sua Vida” rebate num tema já cansado no Brasil, pelo nacional “Se Eu Fosse Você” (2006); que por sua vez chupa a ideia de “De Repente 30” (2004), que se aproveita de “Sexta-feira Muito Louca” (2003), que rouba “Big: Quero Ser Grande” (1998), que resgata “Switch: Trocaram meu Sexo” (1991), que usa “Um Espírito Baixou em Mim” (1984), e isso não termina nunca.

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