O filme do outro
Câmera clara 261
Por Luiz Joaquim | 10.10.2011 (segunda-feira)
Acompanhar festivais de cinema com obras em competição é sempre um bom exercício para o crítico de cinema. Não apenas pelo simples fato de que alguns títulos são exibidos ali pela primeira vez e esse ineditismo – sem referências prévias na mídia para o crítico utilizar como “ajuda” na sua compreensão da obra – força-o a mostrar suas virtudes e/ou competência na oficio de pensar o cinema. É um bom exercício também de socialibilidade. Isso porque, cercado por outros críticos de formação diferentes, e por isso com leituras diferentes, você certamente irá encontrar divergências de avaliações. Esse confronto é sempre benéfico, desde que o seu antagonista “lute” em defesa ou condenação de uma obra específica com argumentos à altura dos seus. Esse tipo de conversa, comum entre o maciço corpo de críticos que frequenta os festivais de cinema no Brasil e no mundo, só enriquece o leque que leituras que um boa obra pode proporcionar. O problema acontece quando seu antagonista chega com argumentos pobres e tenta impor sua perspectiva sem nenhuma concessão. Um exemplo de ‘argumento pobre’ seria quando alguem começa a exigir opiniões, aspectos cênicos, questões morais, virtuosismo técnico ou qualquer outra coisa ausente no filme que comporia o que o crítico gostaria de dizer. Em outras palavras: é como se o crítico sentisse a ausência daquilo que seria essencial no seu filme, e não no filme real, do diretor. Em casos assim, e são muitos, o crítico não procura o filme do outro, mas o filme que seria seu, e nunca será.
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MEMÓRIA
Clara Negreiros, leitora do site pernambucano (www.kinemail.com.br) enviou ao editor Fernando Vasconcelos o desenho acima feito por ela quando criança feito por ocasião de uma visita ao Cinema São Luiz e sua turma de colégio. Era 1971 e o desenho foi feito de memória pela, então, pequena Clara lembrando o dia especial em que conheceu o palácio da rua da Aurora. Antiga aluna de um colégio religioso, ela própria avalia seu desenho: “Note que meninas (estão) em uma fileira separada dos meninos”, comenta a hoje adulta Clara.
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CILENTO
Em meio às notícias da morte do gênio da Apple, Steve Jobs, na semana passada, ninguém comentou o falecimento da atriz australiana Diane Cilento, aos 78 anos, na quinta-feira. Ela se mudou nos anos 1950 para a Inglaterra quando começou a atuar em filmes britânicos. Sua carreira ganhou força quando foi indicada ao Oscar de atriz coadjuvante por “Tom Jones” (1963). Diane também atuou ao lado de Charton Heston em “Agonia e Êxtase” (1965), uma cinebiografia de Michelangelo, e ainda com Paul Newman no faroeste “Hombre” (1967). Foi suspense “O Homem de Palha” (1973) que ela conheceu o roteirista Anthony Shaffer, com quem viveu até o fim da vida. Antes, ela fora casada com Sean Connery, entre 1962 e 1973, com quem teve o filho Jason Connery.
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