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3 Filmes
Estreia tripla no Cinema da Fundação (Recife)
Por Luiz Joaquim | 18.11.2011 (sexta-feira)
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O 4º Janela de Cinema acabou mas o Cinema da Fundação continua no espírito da mostra. Entram em cartaz hoje três filmes brasileiros que, feitos com muito baixo orçamento, chamaram a atenção da mídia especializada brasileira e estrangeira. Um deles é o cearense, “Os Monstros” (2010), do grupo Alumbramento, os outros dois, cariocas – “A Alegria” (2010), de Marina Meliande e Felipe Bragança; e “Bollywood Dreams: O Sonho Bollywoodiano” (2011), de Beatriz Seigner.
O interessante da oferta destes três trabalhos numa mesma semana está em mostrar a diversidade temática e estética, mais que isso, está em mostrar a absoluta liberdade que o cinema brasileiro alcançou ao pretender contar uma história pelas possibilidades da linguagem.
Se “Bollywood Dreams”, narrando a história das atrizes Paula Braun, Lorena Lobato, Nataly Cabanas tentando a sorte na gigantesca indústria cinematográfica da Índia, pode soar como mais tradicional (mas nem por isso menos interessante), neste grupo de filmes, temos em “Os Monstros” e “A Alegria” obras que não abrem concessões à nada, sendo seu primeiríssimo compromisso com a imagem.
Dirigido (e atuado) a oito mãos – Guto Parente, Luiz Pretti, Pedro Diogenes e Ricardo Pretti – “Os Monstros” do título são os próprios diretores, interpretando quatro amigos tocando a vida numa Fortaleza melancólica. Dois deles trabalham com cinema (Guto e Pedro) e dois são músicos (Ricardo e Luiz). O problema é as duas duplas se submetem a trabalhos medíocres para ganhar a vida, o que vai minando o entusiasmo por ela.
Até que uma reação catártica no final reascende a excitação com a arte. Os últimos 15 minutos do filme são a melhor expressão da fúria destes monstros vivendo à margem de seus sonhos. A música no estilo “free improvi” é como um vômito, uma expurgação do medíocre na vida para ressaltar a beleza. “Os Monstros” além de exibir em Marseille, França, passou em Buenos Aires, onde ganhou o prêmio especial do Júri do Bafici 2011.
Já “A Alegria” tem como pedigree a exibição na Quinzena dos Realizadores, em Cannes 2010, além dos prêmios de direção de arte e ator coadjuvante no Festival de Brasília 2010. As quatro mãos de Meliande e Bragança construíram aqui o segundo filme Trilogia Coração no Fogo – os outros são “A fuga da Mulher Gorila” (2009) e Desassossego (2011).
Em “A Alegria” temos uma adolescente de 16 anos cansada de ouvir falar do fim do mundo ao mesmo tempo que dá guarida para um primo que acidentalmente leva um tiro no pé num conflito com a polícia. Uma questão é se a elaborada linguagem do filme interessa aos jovens; e daí é de se perguntar se com um tema tão adolescente (em resumo trata-se da perda da inocência e o encontro com a realidade) “A Alegria” sustenta a atenção de uma platéia madura.
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