4o. Janela 2011 – noite 1
Tensão e tesão na abertura do Janela
Por Luiz Joaquim | 07.11.2011 (segunda-feira)
Foi tensa a abertura do 4o. Janela Internacional de Cinema do Recife na noite de sexta-feira. O cenário era o cine São Luiz e o relógio não marcava nem 17h quando uma pequena fila já se formava na rua da Aurora. Eram pessoas querendo garantir o ingresso para entrar na “catedral” do cinema pernambucano e assistir a sessão marcada para 20h30 de “Febre do Rato”, de Cláudio Assis.
O volume de espectadores só fazia aumentar até por volta das 20h, quando se deu o acesso ao auditório. Nos bastidores, a produção do Janela administrava um imprevisto com o potente projetor digital Christle, alugado especialmente para o festival.
Uma aparente inadaquação de formato digital com a mídia do curta-metragem “[projetotorresgemeas]”, realizado por um coletivo de quase 60 pessoas de Pernambuco, impossibilitou sua projeção na noite de abertura. A exibição seria oferecida como surpresa, antecedendo o longa-metragem de Assis. O curta, de qualquer forma, terá exibição amanhã (18h, no São Luiz) no programa especial “O cinema e o espaço urbano do Recife”.
Sem muita demora, o produtor Kleber Mendonça Filho abriu a cerimônia apresentando a primeira imagem do festival. Na tela aparecia um desenho infantil retratando o cine São Luiz, pintado em 1971 pela designer Clara Negreiros quando foi ao cine com a turma da escola. O desenho foi publicado aqui na Folha de Pernambuco, na coluna Câmera Clara, na edição de 10 de outubro de 2011.
Antes da febre de Assis, o Janela deu um drops do que viria na programação de curtas-metragens do festival exibindo o filme sueco “Las Palmas”, de Johannes Nyholm. Com seu bebê fanfarão interagindo com marionetes num restaurante, Johannes não deixou ninguém sem sorrir no cinema.
Mas um recado virulento estava por vir. Aliás, mesmo antes de iniciar a projeção de “Febre do Rato”, durante a apresentação, seu diretor fez duras críticas à postura da Prefeitura do Recife no que diz respeito a promoção da cultura local.
Mas, uma vez com as luzes apagadas e apenas a do projetor 35mm ligada, a atmosfera era outra: a da realização de uma expectativa tanto do público quanto de Assis. Entretanto, a apreciação de “Febre do Rato” saiu prejudicada.
Apesar da boa luminosidade da projeção, o som estava defeituoso não apenas pelo baixo volume, mas pela sua má qualidade. Tal problema era especialmente delicado para “Febre do Rato” uma vez que seu protagonista Zizo declama poesia o tempo inteiro. Ficava assim difícil ao espectador imergir em seu universo.
Geraldo Pinho, programador do São Luiz, comentou que nos testes de projeção dias atrás, com a presença de Cláudio Assis, o som funcionou em sua normalidade e que o defeito só surgiu naquele mesmo dia. Uma das possibilidades cogitadas como causadora do defeito foi a instalação do projetor digital. No serviço, é possível que o processador de som tenha sido desalinhado afetando também a difusão do áudio para 35mm. Geraldo comentou que tudo seria melhor investigado no final de semana.
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FRASES
– André Balaio, músico
“Os Trapalhões nos anos 1970, E.T. nos 1980, Titanic nos 1990. Mas nesse novo milênio o primeiro hit do Cine São Luiz chama-se Febre do Rato”.
– Cláudio Bezerra, professor universitário
“A multidão na rua da Aurora, querendo entrar no Cine São Luiz, já diz tudo. É a melhor expressão da importância hoje do ‘Janela’ para o Recife”.
Talita Vasques, jornalista
“É a primeira vez que venho ao ‘Janela’, conheço a programação mas o que me atraiu para vir hoje foi mesmo Febre do Rato”.
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