Tendo exibido na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo em 2010, e em todo o Brasil há quatro meses, durante o Festival Varilux do Cinema Francês, entra em cartaz no Recife – no Cine Rosa e Silva – o divertido “Copacabana” (Fra., 2010), de Marc Fitoussi, com uma diva do cinema francês: Isabelle Huppert.

“Copacabana” é um filme estranho, no bom sentido. E o primeiro estranhamento está no título do filme que faz uma curiosa ligação do bairro quente e festivo carioca a Huppert, uma figura usualmente vinculada à personagens sisudos e complexos do ponto de vista existencial.

Mas, não é por ser alegre no filme de Fitoussi que Huppert é menos reflexiva. Na verdade, há muita sofisticação em Babou (Huppert). Fascinada pelo Brasil e herdeira do ideal hippie, livre e feliz, ela passou a vida inteira sem seguir convenções sociais. Não casou e viajou muito pelo mundo. Hoje, sem dinheiro e emprego fixo, descobre que a filha “careta” vai casar e não pretende chamá-la para a cerimônia.

Disposta a angariar a aceitação da filha, decide trabalhar numa agência imobiliária, e vai vender apartamentos no litoral, no inverno. Com muito esforço, prova que sua melhor arma contra a frieza deste universo é sua simpatia e honestidade. É um filme sobre o conflito de gerações e as possibilidades para desconstruir isso.

Se não fosse interessante por tudo isso, seria interessante só pelo fato de “Copacabana” ofercer mais de uma sequência com Huppert tentando dançar samba. A alegria de Babou contagia, e soa autêntica exatamente pelo talento desta que é uma das melhores atrizes do mundo contemporâneo.

Do ponto de vista da produção, atenção para uma festa bem brasileira ao final do filme. A certa altura, Babou está para ir embora com os brasileiro que a esperam num ônibus. Enquanto ela conversa com outra pessoa, os brasieiros falam ao fundo. Quem prestar atenção aos diálogos em português vai perceber um erro grave de edição. Divirta-se.