Meu País
Um país muito pessoal
Por Luiz Joaquim | 18.11.2011 (sexta-feira)
Um mês após estrear no Sudeste, e anterior passagens pelos festivais de Paulínia e Brasília – que neste último rendeu um troféu de ator a Rodrigo Santoro, direção para Andre Ristum, montagem para Paulo Sacramento e trilha sonora -, chega ao Recife “Meu País”. Produção estrelada também por Débora Falabella, Kauã Reymond e Paulo José em participação especial.
Divisor de opiniões entre a crítica especializada, “Meu País” apresentou-se como um projeto bastante particular de Ristum. realizador que viveu na Itália e ao voltar ao Brasil redescobriu sua pátria. É exatamente esta a situação que o protagonista Marcos (Santoro) vive. O que dá mote para seu retorno é o falecimento do pai Armando (José) – que rende uma bela abertura para o filme.
Na viagem ao Brasil que faz com a esposa européia (Anita Caprioli, com um rosto que lembra o de Helena Ramos), o empresário de sucesso Marcos pretende ficar apenas tempo suficiente para acompanhar o funeral do pai. Mas reencontra o caçula irresponsável em meio às dívidas da empresa da família e, uma revelação, é apresentado a irmã bastarda Manuela (Débora Falabella), portadora de deficiência mental e vivendo numa clínica psiquiátrica.
Com um irmão viciado em jogo e uma nova irmã que dependerá totalmente dele, Marcos precisa repensar sua vida. É sobre esse alicerce que se desenha “Meu País”. Para a isto dar corpo, Ristum opta por imprimir uma atmosfera quase asséptica da situação. Como se o mundo externo não influenciasse sobre o mundo interno daquela família.
Pode-se justificar que o modo definido, lembrando um frio, distante e ruim filme europeu, é uma opção para combinar com o perfil do taciturno Marcos. Acontece, entretanto, que o resultado permite apenas uma inserção superficial do espectador na tensão vivida pela família formada pelo trio de irmãos. É um problema, considerando-se que esse retorno ao lar deveria servir como ação transformadora do filho mais velho em alguém mais humano. Mas ao final é difícil percebermos o humano ali. O que parece é que mesmo com o esforço digno dos atores não há como encobrir uma insuficiente consistência na construção dos personagens. Uma pena.
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