O futuro, hoje?
Câmera clara 261
Por Luiz Joaquim | 28.11.2011 (segunda-feira)
Quando era criança, e aí já se vão mais de 30 anos, uma das expressões que mais ouvi, entre um discurso e outro da ditadura militar, foi: “O Brasil é o País do futuro”. Era um País maciçamente habitado por crianças. Não a toa, uma das canções mais marcantes – entre 1973 e 1975 -, dizia “Este é um País que vai pra frente / oh, oh, oh”. O refrão fazia parte de uma animação produzida pelo governo militar e que entrava no intervalo comercial da TV. Pois bem, considerando as transformações que o País vem sofrendo nos últimos anos, sua nova imagem pela perspectiva internacional, sua participação política em decisões mundiais, sua confirmação como sede de Jogos Olímpicos (2016) e Copa do Mundo de Futebol (2014), deixa a impressão que o futuro chegou. É claro que este tipo de mérito não define o sucesso de um país. Desigualdade social, violência, saúde pública precária são variáveis mais importantes a se calcular nessa equação. Mas, no campo da vitrine para o mundo, a notícia há duas semanas de que “Tropa de Elite 2”, de José Padilha, estreou muito bem no último dia 11 no circuito comercial norte-americano, reascendeu a possibilidade do Brasil ganhar seu primeiro Oscar. O crítico carioca Lucas Salgado chamou a atenção para o fato de que a sequência de Padilha teve a segunda maior média de faturamento por sala nos States. Só ficou atrás do líder das bilheterias no fim de semana, “Imortais”. Detalhe: “Tropa… 2” estreou em uma única sala e faturou US$ 9.500. “Imortais”, lançado em 3.112 salas, teve média aproximada de US$ 10.300. A influente revista “Forbes” (www.forbes.com) também publicou matéria com o seguinte título: “Why the Academy should give an Oscar to ‘Elite Squade 2′” (Porque a Academia deveria dar um Oscar a “Tropa de Elite 2”). O texto começa lembrando que a cerimônia do Oscar foi criada nos anos 1920 para ajudar a incrementar a imagem dos artistas da Metro Goldwyn Mayer, e que hoje o evento é mais motivado pelo marketing que pela qualidade dos filmes. E que era “hora de voltar às origens”. E ainda chama o filme de o “brasileiro com estilo Scorsese”. É de por na conta o prestígio de Padilha por lá, atualmente dirigindo a refilmagem de “Robocop”, com Wagner “Capitão Nascimento” Moura também no elenco; e ainda o fato de que Padilha já é conhecido da mídia “gringa” desde de 2003, quando o seu “Ônibus 174” estreou por lá e flertou com a possibilidade de concorrer a estatueta dourada. Bem, agora, mais do que nunca, o tal homenzinho dourado parece estar próximo. E, mais um vez, reafirmamos que seria medíocre medir o sucesso de um filme apenas pela vitória na Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood. De qualquer forma, há 30 anos, a ideia de um Oscar para o Brasil, não era imaginado nem num futuro distante. E agora estamos falando de 2012. (Obrigado Ana Paula Portella).
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PALHAÇO
“Amanhecer – Parte 1” pode ter se tornado histórico com sua abertura atraindo 1,77 milhão de espectadores em 1.104 salas, mas “O Palhaço”, de Selton Mello, também merece ser estudado. Com cinco semanas em cartaz, já ultrapassou o 1,2 milhão de espectadores, e este número continua crescendo. Detalhe: Selton não fez um filme tradicional do humor comum aos multiplex, como a maioria desse 1,2 milhão de pessoas acreditava ao pagar pelo ingresso. Mas, ainda assim, “O Palhaço” continua funcionando. Parabéns, Selton Mello.
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UCI
A rede UCI anunciou investimentos de R$ 40 milhões para construção de multiplex em quatro Estados do Brasil em 2012. Em junho inaugura o complexo de oito salas no Maranhão (em join-venture com o Grupo Severiano Ribeiro). Em setembro é a vez de Salvador (em parceria com o grupo Orient). Em novembro abrem sete salas no Rio de Janeiro, e também na capital do Mato Grosso do Sul, Campo Grande.
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