X

0 Comentários

Festivais

3º Noronha (2011) – noite 2

Pausa para o cinema no meio do Atlântico

Por Luiz Joaquim | 15.12.2011 (quinta-feira)

FERNANDO DE NORONHA (PE) – Se no futuro, a Fundação do Patrimônio Histórico de Pernambuco (Fundarpe) retomar um velho projeto de criar uma sala de cinema no Arquipélago de Fernando de Noronha, será preciso ouvir um jovem nascido em Salgueiro (cerca de 500 quilômetros do Recife), hoje com 24 anos.

Ele é Wildes Sampaio, idealizador e 3o Festival de Cinema de Animação do Atlântico (ou Anima Noronha), que encerra hoje mas vem movimentando a ilha desde terça-feira com oficinas e, pela primeira vez, exibições de curtas-metragens no Centro de Visitantes Projeto Tamar.

Apesar de estar apenas na terceira edição, Wildes e sua micro-equipe de quatro integrantes – a artista plástica e oficineira de desenho Ana Vallestero, a produtora, curadora e oficineira de literatura Silvia Schmidt, e o produtor Anderson Ricardo – sabem muito bem que o que querem.

Nas edições anteriores (2005 e 2009), o Anima Noronha constituía-se das oficinas oferecidas aos alunos da Escola Arquipélago (o único da ilha). “Se na primeira vez tivemos a adesão de 40 alunos, agora tivemos a de 70”, contabiliza satisfeito. Nestes cursos, os alunos, de 8 a 15 anos, aprendem noções da linguagem do cinema, do desenho e da animação, culminando, ao final, na confecção de um curta-metragem animado digital.

Nesta edição, o organizador ainda contou com o ator Márcio Kieling (de “2 Filhos de Francisco”) operando uma oficina de atuação, e Jaqueline Fernandes (do elenco de “Malhação”), numa oficina de dublagem.

Wildes se envolveu com o audiovisual ainda em Salgueiro aos 12 anos, e hoje já tem no currículo mais de 40 projetos sociais e 37 curtas realizados (muitos oriundos de oficinas). Ele entende sua ação como uma oportunidade que não tinha no Sertão Central. “Não sei se uma ação como essa chega a transformar a vida de um ser humano, mas certamente marca, principalmente para uma criança que precisa se sentir valorizada. Eu digo que o Anima é um projeto cultural no qual a maior estrela é o social”, resume.

O aspecto cultural, todavia, não é para ser minimizado. Além das obras resultantes das oficinas anteriores, Wildes, que até agora investiu R$ 40 mil do próprio bolso para fazer o Anima, está dando aos ilhéus e turistas a oportunidade de passar pela experiência de ir a um cinema. E para ver bons filmes.

Utilizando o bom auditório do Projeto Tamar – com 86 lugares e uma tela com cerca de 2,5m x 4 m – a programação competitiva incluiu o ótimo e novíssimo argentino “Luminaris” (2011), de Juan Pablo Zaramella (um live action cuja primeira exibição no Nordeste se deu aqui em Noronha), além de outros que circularam em festivais como o de Brasília (“Media Training”, de Eloar Guazzelli e Rodrigo Silveira) e o pernambucano “Até o Sol Raiá”, de Fernando Jorge e Leandro Amorim (exibido no Cine-PE 2008).

Hoje acontece a premiação com o troféu Golfinho de Ouro – o vencedor é escolhido pelos alunos – e ao realizador premiado, Wildes planeja contemplar com um pacote de turismo para a ilha. “Seria muito bom conseguir encantar os ilheus com a magia do cinema, e o cineastas com a magia da ilha”, conclui.

Mais Recentes

Publicidade

Publicidade