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Festivais

As Neves de Kilimanjaro

Produção francesa quer ir além da ética

Por Luiz Joaquim | 11.12.2011 (domingo)

Dá pra contar nos dedos os cineastas contemporâneos que se aprofundam com tanta propriedade numa questão etica, e fustiga seu público, mas que perpassa mesmo é pela moral humana. Quem conhece minimamente os filmes de Robert Guédiguian sabe que o francês, no início dos anos 2000 lançou pérolas como “A Cidade Está Tranquila” (2000) e “Marie-Jo e Seus Dois Amores” (2002), e agora chega com seu novo trabalho para apreciação dos recifenses.

Em uma sessão única, às 21h de hoje no Cinema da Fundação Joaquim Nabuco, como parte do 4ª Janela Internacinal de Cinema do Recife, “As Neves de Kilimanjaro” (Les Neiges du Kilimandjaro, Fra., 2011) resgata esse talento de Guédiguian. Mais uma vez ele trabalha com seus atores preferidos, os excelentes Jean-Pierre Darroussin, Ariane Ascaride, além de Gérard Meylan.

Os dois primeiros vivem o casal Michel e Marie-Claire. Eles moram em Marseilles (cidade cenário constante para Guédiguian) há mais de 30 anos onde viveram um casamento de amor e sacrifícios para educar os filhos honestamente. Operário padrão do porto, e sindicalista comprometido com a categoria, Michel se vê demitido perto da aposentadoria. Os benefícios que recebe o permitem ter, finalmente, um pouco de conforto e descanso ao lado da esposa.

È um descanso que causa conflitos em Michel, cuja existência sempre foi pautada por pensar no coletivo. Mas, como de costume, Guédiguian vai além da crise existencial. Com a complexa situação que o cineasta cria, ele vai envolve seu espectador lentamente com, a princípio uma história simples, para depois fazê-lo perceber que está numa sofisticada rede de questões morais aparentemente insolúveis.

Tudo se torna absolutamente envolvente quando o drama ganha uma nova cor social a partir de um assalto sofrido pelo casal na própria casa. O autor do crime é também vítima da sociedade e isso mexe diretamente com o senso de justiça do espectador. Mas, seria isto uma justificativa para perdoá-lo? A resposta nunca será fácil, e a mais impactante proposta de Guédiguion é responder com a gentileza. Vale também o registro que “As Neves de Kilimanjaro” é inspirada num poema de Victor Hugo.

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