Gato de Botas 3D
Zorro ganha pelos
Por Luiz Joaquim | 08.12.2011 (quinta-feira)
Nunca pára de impressionar a capacidade de Hollywood em fazer saladas insossas tendo como ingredientes fábulas infantis e heróis tradicionais. A chegada nos cinemas de “Gato de Botas – 3D” (Puss in Boots, EUA, 2011) – hoje no Box Guararapes e amanhã nos outros multiplex – reforça esse (mau) espanto.
Dirigido por Chris Miller (de “Shrek”), e tendo como chamariz a voz de Antonio Banderas e Salma Hayek (o que não Brasil pouco adianta, pois é preciso um esforço para encontrar sessões com o áudio original), o filme solo desta bola de pêlo com enormes olhos redondos, que surgiu no “Shrek 2” (2004), não empolga.
Seguindo o esquemático processo de explicar a origem do herói, sabemos que o Gato é um órfão que foi criado por uma humana, cujo melhor amigo era o ovo Humpty (voz de Zach Glifianakis, de “Se Beber, Não Case”). No presente, o Gato é um fora da lei simpático, que luta assim como o Zorro, que foi vivido por Banderas em 1998 e 2005. Coincidência?
Ele topa com o ovo, que não é mais bem vindo por tê-lo traído no passado, mas se deixa convencer pela gata Kitty Pata-Mansa (Hayek) a fazer, todos juntos, um assalto para conseguir feijões mágicos que os levem às nuvens para roubar uma gansa que põe ovos de ouro. O resto é adorno.
E ele, o adorno, vem na forma de perseguições, correrias e lutas em ritmos que não seduzem nem empolgam. Ou seja, acontece o pior, passam indiferentes. Até mesmo o apelo mais sedutor do Gato, que o destacou em “Shrek” – o charme com os olhos redondos pedindo colo -, parece subestimado aqui.
A impressão é que na tentativa de transformar “O Gato de Botas” num filme de ação para adultos, ele perdeu a identidade. Fica desorientado, sem lugar definido entre os crescidos e os pequenos. Salva-se o momento em que somos apresentados ao início da amizade infantil entre o Gato e o ovo. E, curiosamente, nessa fase o Gato não fala, só mia.
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