É uma peregrinação que já se tornou tradicional no mês de janeiro. Intelectuais, pensadores e realizadores de cinema de todo o País arrumam as malas e seguem para a Mostra de Cinema de Tiradentes, na cidade mineira a 190 quilômetros de Belo Horizonte. Este ano completa 15 anos e tem o ator Selton Mello como homenageado. É ele a estrela de “Billi Pig”, primeiro filme de aspíração mais comercial do brasiliense José Eduardo Belmonte, e que terá sua primeira exibição publica às 21h (hora de Brasília) no Cine Tenda da mostra – uma estrutura de 700 lugares que junto a espaço Cine-Praça (de mil lugares) irão exibir os mais de 110 filmes selecionados até 28 de janeiro.

A comédia “Billi Pig”, que estreia nos cinemas dia 2 de março, acompanha um corretor de seguros falido (Selton), sua esposa, uma aspirante a atriz (Grazi Massafera) e um falso padre (Milton Gonçalves) que fazem de tudo para se dar bem na vida. Além de “Billi…”, O ator homenageado terá exibido três filmes que protagonizou: “Lavoura Arcaica”, “O Cheiro do Ralo” e “Erva do Rato”, além de seu sucesso como diretor, “O Palhaço”. Selton também será objeto de uma mesa de debate (amanhã) desenvolvida a partir da trajetória de sua carreira, com Belmonte e a produtora Vânia Catani, sendo mediados pelo pesquisador Denilson Lopes.

Além de uma rigorosa curadodia de filmes definida pelos críticos Cléber Eduardo (para os longas-metragens) e Eduardo Valente com Francis Vogner dos Reis (para os curtas-metragens), são por seminários como estes – que se une a outros três este ano -, que a Mostra de Tiradentes se firmou como o endereço nacional para discutir os rumos da estética cinematográfica brasileira contemporânea.

A cidade de sete mil habitantes recebe 30 mil turistas durante a semana da Mostra. E tão concorridas quanto as sessões de cinema, por um público essencialmente jovem, são os debates que unem realizadores e críticos de cinema. O encontro acontece na manhã seguinte no Cine-Teatro (150 lugares) do Centro Cultural Yves Alves.

A programação deste ano convidou o crítico Rodrigo Fonseca (RJ) para falar do filme “Djalioh”, de Ricardo Miranda; Luiz Carlos Merten (SP) para “Vou Rifar meu Coração”, de Ana Rieper; José Geraldo Couto (SC) para “Hoje”, de Tata Amaral; Leandro Amaral (SP) para “As Hiper-Mulheres”, de Carlos Fausto, Leonardo Sette e Takumã Kuikuro; Luiz Carlos Oliveira Jr. (SP) para “Girimunho”, de Helvécio Marins Jr. e Clarissa Campolina; Daniel Schenker (RJ) para “Olhe pra Mim de Novo”, de Cláudia Priscilla e Kiko Goiffman; Marcelo Miranda (MG) para “Bruta Aventura em Versos”, de Letícia Simões; Ataídes Braga (SP) para “Balança mas Não Cai”, de Leonardo Barcelos.

Completam o time César Guimarães (MG) para “As Horas Vulgares”, de Rodrigo de Oliveira e Vitor Graize; Paulo Santos Lima (SP) para “Corpo Presente”, de Marcelo Toledo e Paolo Gregori; Pedro Butcher para “Entorno da Beleza”, de Dácia Ibiapina; Rafael Ciccarini (MG) para “HU”, de Pedro Urano e Joana Traub Cseko; João Carlos Sampaio (BA) para “O Homem que Não Dormia”, de Edgar Navarro; Luiz Joaquim, deste CinemaEscrito, para “Estradeiros”, de Renata Pinheiro e Sérgio Oliveira; e Fábio Andrade (RJ) para “Strovengah: Amor Torto”, de André Sampáio; e Andre Brasil (MG) para “A Cidade é Uma Só”, filme do brasiliense Adiley Queirós, que retirou o filme da competição no Festival de Brasília em 2011 como forma de protesto pela nova postura do festival.

Imperdível também serão as duas mesas sobre a atuação da crítica de cinema em veículos impresso, na academia e entre jovens críticos em sites e revistas virtuais. Para falar sobre o assunto estarão os craques Luiz Carlos Merten, Fábio Andrade, Jean Claude Bernardet, Eduardo Escorel, Sérgio Alpendre, Luiz Zanin Oricchio, Cássio Starling Carlos, Andrea Ormond. A eles, uma pergunta será lançada: qual o olhar dessa crítica para o cinema brasileiro da primeira década do século XXI? Repetimos: imperdível. Acompanhe a cobertura do evento a partir de segunda-feira nesteCinemaEscrito.