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Críticas

Borboletas Negras

A poetisa da dor e da liberdade

Por Luiz Joaquim | 06.01.2012 (sexta-feira)

O primeiro lançamento do ano da Sessão de Arte do UCI/Kinoplex (veja roteiro) veio caprichado. Co-produção entre a Holanda, Alemanha e África do Sul, “Borboletas Negras” (Black Butterflies, 2011), de Paula van de Oest, retrata a história de vida da poetisa sul-africana Ingrid Jonker (1933-1965) interpretada de maneira sanguínea por Carice van Houten, eleita melhor atriz no Festival de Tribeca 2011, de cinema independente, nos EUA.

O roteiro dá partida no ano de 1960, quando Ingrid (espécie de Sylvia Plath da África do Sul) conhece o escritor Jake Cope (Liam Cunningham) por quem se apaixona. O romance serve como vazão de extravasamento para o espectador conhecer o perfil artístico da poetisa. Um perfil libertário, tanto para o sexo quanto para a vida em sociedade; quase louco de tão radical e sofrido contra a opressão do apartheid. Para complicar, Ingrid é filha de Abraham (o excelente Ruger Hauer, de “Blade Runner”) o principal censor do regime segregacionista da África do Sul.

Além do ótimo elenco, a competência em “Borbolestas Negras” está na boa direção de van de Oest em conseguir condensar – e construir com coerência – o espírito auto-destrutivo de Ingrid, conectado à sua infância e ao relacionamento com seu pai. As conturbações do amor com Jake são também consequências do vazio existencial que a poetisa sente.

O melhor mesmo é ver, sem afetações audiovisual, o resultado de seus tocantes versos, como no famoso “A criança não está morta”, lido por Nelson Mandela num discurso durante o primeiro parlamento democrático do país, em 1994. Antes disso, na abertura do filme, o espectador levará uma pancada ao ouvir as palavras descrentes de Ingrid sobre a vida, o homem, a justiça e o amor.

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