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Morre Linduarte Noronha

Cineasta é autor do curta-metragem que influenciou o Cinema Novo

Por Luiz Joaquim | 30.01.2012 (segunda-feira)

Faleceu na madrugada de hoje (30/01) o cineasta Linduarte Noronha, aos 81 anos. Nascido no município de Ferreiro (PE) mas radicado na radicado na Paraíba, Linduarte foi vítima de uma parada respiratória, após ter passado por uma recente pneumonia, Linduarte morreu na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Memorial São Francisco, em João Pessoa. Referência para o cinema paraibano e nacional, Linduarte tornou-se célebre a partir do clássico curta-metragem “Aruanda”, de 1960, pelo qual repensa a fundação de um quilombo de escravos fugidos de Serra Talhada (PE) a partir de seus descendentes, vivendo ali, anos depois, como flagelados e tendo o artesanato de barro como substiência de vida.

“Aruanda” é considerado como um das pedras fundamentais, do ponto de vista de inovações estéticas para oo surgimento do Cinema Novo. Pioneiro do cinema paraibano, Linduarte, 11 anos depois, em 1971, lançou “O Salário do Medo”, o primeiro longa-metragem daquele Estado.

Sua obra, a partir de “Aruanda”, viria a se tornar uma influência não apenas para cinestas como Nelson Pereira dos Santos, Glauber Rocha e Cacá Diegues como também para toda a primeira gerações de realizadores paraibanos como Vladimir e Walter Carvalho, entre outros. Sobre “Aruande”, Glauber escreveu que seria este o filme que inaugurava o “Moderno Cinema Brasilero”.

O pesquisador e realizador Lúcio Vilar, de João Pessoa, coordena desde 2005 naquela capital o festival “Aruanda”, que acontece sempre em dezembro. Em 2011, o homenageado do evento, o ator Antônio Pitanga comentou que as homenagens devem vir em vida, referindo-se a Linduarte. Já em 2010, o homenageado foi Cacá Diegues, que recebeu do próprio Linduarte o Troféu Aruanda. Na ocasião, o cineasta alagoano lembrou que sem Linduarte Noronha e seu famoso curta-metragem, os caminhos do Cinema Novo certamente seriam outros.

Lúcio Vilar salienta que Linduarte extrapolou os limites do cinema brasileiro, tornando-se uma referência para o cinema latinoamericano. Já o veterano crítico paraibano Wills Leal lembrou o cineasta como um símbolo do cinema nordestino. Daqui do Recife, o realizador, filósofo e professor Jomard Muniz de Brito lembra que lecionou nos anos 1980 ao lado de Linduarte no Departamento de Artes e Comunicação da Universidade Federal da Paraíba.

Jomard recorda que “ele era muito discreto, ao contrário de mim, e quando conversávamos eu sempre lembrava a ele da influência de ‘Aruanda’ sobre o Glauber [Rocha]. Era só ver o curta “O Pátio” [primeiro filme de Glauber, de 1959] e perceber como a estética e filosofia cinematográfica do baiano mudou apos ter visto ‘Aruanda'”.

O corpo de Linduarte Noronha está sendo velado no Parque das Acácias, em João Pessoa, onde também acontecerá o enterro às 18h.

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