O Garoto da Bicicleta
Os Dardenne em boa forma
Por Luiz Joaquim | 13.01.2012 (sexta-feira)
Depois de exibições especiais em novembro (no Festival Janela de Cinema), em dezembro (na mostra Expectativa/Retrospectiva da Fundaj) e uma pré-estreia semana passada no Cinema da Fundação Joaquim Nabuco, a sala do Derby (no Recife) finalmente estreia “O Garoto da Bicicleta” (Le Gamin au Vélo, Bel,. Fra., Ita., 2011), dos irmãos belgas Luc e Jean-Pierre Dardenne.
Vencedor do Grande Prêmio do Júri em Cannes no ano passado, “O Garoto da Bicicleta” é um desses trabalhos que, sem medo de arriscar, alcança a façanha de agradar a todos. Por trás dessa “mágica”, duas condições fáceis de descrever, mas difíceis de realizar: (1) uma história humana sem apelar à pieguice, e (2) atores absolutamente entregues a seus personagens, sob mão certeira dos Dardenne.
Há algo de curioso aqui. Este novo filme dos Dardenne soa como a sequência de outro sucesso da dupla: “A Criança”, de 2005. Isso porque lá, o personagem do ator Jerémie Renier abandona o filho recém-nascido, e aqui seu personagem é o pai que renega o garoto Cyril (o excelente Thomas Doret), com cerca de dez ano.
O que parece mais impressionar nessa tocante crônica sobre uma criança revoltada a procura de amor legítimo, é a capacidade dos Dardenne em imprimir (e dirigir) características absolutamente convincentes e coerentes num personagem infantil dessa natureza. Crianças são crianças. E isso resume tudo.
E a forma como os irmãos Dardenne conduzem a direção naturalista de Doret faz com o que espectador seja imediatamente hipnotizado pelo drama do jovem protagonista. As “crianças adultas” criadas por Hollywood deveria envergonhar-se diante de Cyril.
0 Comentários