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Festivais

84o. Oscar (2012) – Premiados

5 x 5

Por Luiz Joaquim | 27.02.2012 (segunda-feira)

E Hollywood contemplou o cinema mudo em detrimento ao 3D. Foi, por uma certa medida, contraditória a glorificação do filme “O Artistas” em detrimento a “A Invenção de Hugo Cabret” na noite de ontem (26) em Bervely Hills durante a entrega do 84º prêmio da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas. A contradição não tem nada a ver com a boa qualidade do primeiro filme, realizado e produzido por franceses, que reproduz com fidelidade a época da transição do cinema mudo para o sonoro (nos anos 1920), e tem um astro do cinema sem som como vítima do processo.

“O Artista”, que concorria em dez categorias, levou cinco Oscars, incluindo três principais – melhor filme, diretor (Michel Hazanivicious), ator (Jean Dujardin) – além de figurino e trilha sonora. Já “A Invenção de Hugo Cabret”, rodado em 3D por Martin Scorsese, estava na disputa por 11 prêmios. Levou também cinco: efeitos visuais, fotografia, direção de arte, edição de som, mixagem de som. São categorias técnicas que, normalmente, são taxadas de “menores”.

A contradição da vitória do mudo sobre o 3D está no próprio momento em que Hollywood vive. Um momento em que ajusta o mercado audiovisual do mundo para a integração ao formato tridimencional. Um formato que não vinha convencendo muito bem, mas que com o ótimo “Hugo” ganhou uma sobrevida bastante oxigenada.

Nas outras categorias, as surpresas não vieram, exceto pelo prêmio de montagem para “Os Homens que Não Amavam as Mulheres”. Uma boa escolha, mas foi uma vitória difícil, numa categoria que também tinha “Hugo” e “O Artista”.

Reinou, nas outras contemplações, a previsibilidade como há muito tempo não se via no Oscar. Assim sendo, a maioria dos favoritos foram mesmo contemplados, como atriz para Meryl Streep – o terceiro de uma carreira recorde de 17 indicações – por “A Dama de Ferro” (contemplado também pela maquiagem). Meryl agradeceu lembrando primeiro do marido e brincando: “Acho que metade da América está pensando ‘Ah não, de novo’. Eu acho que nunca mais voltarei a subir aqui”, disse.

Ainda na zona dos favoritos, Cristopher Plummer levou como ator coadjuvante por “Toda Forma de Amor”, e Octavia Spencer como atriz coadjuvante para “Histórias Cruzadas”. E também o principal filme estrangeiro, o iraniano “A Separação”, em cartaz no Cinema da Fundação Joaquim Nabuco, saiu com a estatueta dourada. Assim como a animação “Rango”, de Gore Verbinski (diretor conhecido por “Piratas do Caribe”). O desenho sobre o lagarto herói do western era sem dúvida o filme mais inteligente e inovador entre seus concorrentes.

O inflado filme “Os Descendentes”, ficou apenas com título de melhor roteiro adaptado, enquanto o de roteiro original foi para Woody Allen por “Meia Noite em Paris”. Os filmes do veterano diretor, ausente (como sempre) na cerimônia, já somam 23 indicações em diversas categorias (a maioria para ator e atriz), e a última vez que o próprio Allen ganhou um Oscar foi há 25 anos, pelo roteiro original de “Hannah e Suas Irmãs” (rodado em 1986).

O Brasil, que tinha 50% de chance de ganhar um Oscar pela primeira vez, perdeu mais uma vez. Os afortunados seriam Carlinhos Brown e Sérgio Mendes, pela melhor canção na animação “Rio”. Mas levou a melhor seu único concorrente, o filme “Man os Muppet”.

Sobre a cerimônia em si, tivemos Billy Crystal de volta para sua nona participação como mestre de cerimônia. Crystal, agrada por sempre estar bastante à vontade nesse papel. A maioria das piadas trabalhadas, entretanto, parece não ter colado muito bem. Soaram um tanto anacrônicas, como a brincadeira com o falso filme raro em que uma platéia dava notas sobre uma sessão teste para “E O Vento Levou” antes do filme ser lançado.

Falhou também a piada entre Gwyneth Paltrow e Robert Downey Jr., por uma total falta de química, sobre a idéia de fazer um documentário durante o anúncio do prêmio para documetário (dado a “Undefeated”). Por outro lado, um dos momentos mais bacanas da noite foi pela participação doCirque Du Soleil, com os artistas fazendo acrobacias sobre a platéia.

A premiação do Oscar especial, pelo conjunto da obra, foi este ano pulverizada por três, indo para as mãos do ator James Earl Jones, a apresentadora Oprah Winfrey e o maquiador Dick Smith (de filmes como “O Poderoso Chefão” e “O Exorcista”). Mas a maior “bola fora” deste Oscar foi a ausência de Theo Angelopoulos no clipe dedicado aos que faleceram no último ano. Ou Hollywood tem memória ruim, ou simplesmente deixou de prestar atenção nos grandes cineastas estrangeiros.

Confira os premiados

Melhor Filme – “O Artista”

Melhor Diretor – Michel Hazavinicius (“O Artista”)

Melhor Ator – Jean Dujardin (“O Artista”)

Melhor Atriz – Meryl Streep (“A Dama de Ferro”)

Melhor Ator Coadjuvante – Christopher Plummer (“Toda Forma de Amor”)

Melhor Atriz Coadjuvante – Octavia Spencer (“Histórias Cruzadas”)

Melhor Roteiro Original – “Meia-Noite em Paris”, Woody Allen

Melhor Roteiro Adaptado – “Os Descendentes”, Alexander Payne

Melhor Filme de Animação – “Rango”

Melhor Curta de Animação – “The Fantastic Flying Books of Mr. Morris Lessmore”

Melhor Direção de Arte – “A Invenção de Hugo Cabret”

Melhor Fotografia – “A Invenção de Hugo Cabret”

Melhor Figurino – “O Artista”

Melhor Documentário – “Undefeated”

Melhor Documentário Curta-Metragem – “Saving Face”

Melhor Edição/Montagem – “Milleniun: Os Homens que Não Amavam as Mulheres”

Melhor Filme Estrangeiro – “Separação”

Melhor Curta-Metragem – “The Shore”

Melhor Maquiagem – “A Dama de Ferro”

Melhor Trilha Sonora – “O Artista”

Melhor Canção – “Man or Muppet”

Melhor Edição de Som – “A Invenção de Hugo Cabret”

Melhor Mixagem – “A Invenção de Hugo Cabret”

Melhores Efeitos Visuais – “A Invenção de Hugo Cabret”

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