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Críticas

Amores Imaginários

Tráfego entre o etéreo e o pop

Por Luiz Joaquim | 03.02.2012 (sexta-feira)

O queridinho da mostra “Um Certo Olhar” em Cannes 2010, o filme “Amores Imaginários” (Lês Amours Imaginaires, Can.), do jovem Xavier Dolan (22 anos), estreia hoje no Cinema da Fundação. Este “Amores…” parece-se com seu diretor e roteirista no que diz respeito ao que tem a dizer. Ou seja, pouco, e sempre com o filme calcado por uma certa fascinação oca pela moda, isto quando os amigos Marie (Monia Chokri) e Francis (Dolan) não estão fascinados por Nicolas (o francês Niels Schneider).

Apresentando a beldade de Nicolas como a de um “Davi” de Michelangelo, ou sua androginia como a de um Tadzio do “Morte em Veneza” (1971) de Luchino Visconti, “Amores Imaginários” segue em seu ritmo pop mais pautado pelos movimentos e impossibilidades da concretização do amor de um “Amor a Flor da Pele” (2001) de Wong Kar-Wai. Mas, ao contrário da elegância de Kar-Wai, o que há aqui é uma recorrência cansativa.

Se Kar-Wai conseguia hipnotizar a todos com os movimentos em câmera lenta de Maggie Cheung sob o som de “Aquellos Ojos Verdes” na voz de veludo de Nat King Cole, Dolan peca pelo excesso em aplicar “Bang Bang”, cantada por Dalida, para tentar o mesmo com Monia Chokri.

“Amores Imaginários” pode, entretanto, fazer algum sucesso num certo universo pop. Aquele pelo qual a aparência e o brilho costumam ser loquazes, mas pouco elucidativos. É assim com as paixões travadas (imaturas?) da dupla Marie e Francis e com o próprio desenvolver de “Amores Imaginários”. Espectadoras, pop ou não, têm um motivo extra para gostar do filme. Além da presença constante do boa pinta Schneider, o galã Philippe Garrel faz uma ponta encerrando a história.

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