Não começa muito bem este “Faça-me Feliz” (Fais-mois Plaisir!, Fra., 2009), do diretor e ator Emmanuel Mouret, mas bastam poucos minutos para ele fazer o espectador abrir o primeiro sorriso. A comédia francesa, em cartaz no Cine Rosa e Silva, tem um início travado por sugerir que a história do casal Jean-Jacques (o próprio Mouret) e Ariane (Frédérique Bel) não vai sair da cama.

Tudo começa no amanhecer de um sábado quando Jean-Jacques deseja ter relações sexuais com a companheira, que o evita depois de uma semana fria no relacionamento. Ao saber de um flerte do companheiro com outra mulher, Ariane decide que Jean-Jacques deve logo possuir a tal mulher para que esse desejo reprimido – Ariane imagina – não vire um fantasma na relação dos dois.

Não há tanta graça nesta apresentação de “Faça-me Feliz!”, e a premissa da história, enfim, não é lá muito interessante. Mas basta o prólogo dar por encerrado, e Jean-Jacques encontrar a tal outra mulher, que o enredo engata sua marcha no humor. Muito dele pela boa presença de Jean-Jacques em cena, sempre com sua cara de bobo, levado pelas situações de um roteiro engenhoso, com situações mirabolantes (mas críveis) escritas também por Emmanuel Mouret.

Em situações que envolvem uma mulher apaixonada, o presidente da França, um pugilista raivoso e uma doce garçonete (Deborah François, de “A Criança”, dos Irmãos Dardenne), podemos dizer que, numa certa simplificação,“Faça-me Feliz!” é quase uma soma do clássico “Um Convidado bem Trapalhão” (1968), com Peter Sellers fazendo bagunça numa festa que foi por engano, com “Depois de Horas”, que Martin Scorsese fez em 1985, pelo qual Griffin Dunne sofre toda tipo de má sorte ao sair à noite em Nova Iorque com apenas US$ 20.

“Faça-me Feliz!” tem sua própria identidade, entretanto, pois, ao final, o recado é mesmo para os casais apaixonados, principalmente aqueles que vivem momentos difíceis.