Anderson Silva, Como Água
Força e sabedoria
Por Luiz Joaquim | 16.03.2012 (sexta-feira)
Logo na abertura do documentário “Anderson Silva: Como Água” (EUA/Bra., 2012), obra dirigida por Pablo Croce e que estreia amanhã, temos a explicação no subtítulo do filme. Em uma imagem de arquivo, vemos uma velha entrevista onde Bruce Lee explica: “Esvazie sua mente, deixe-a sem forma, como água. Agora, coloque água num copo, e ela se transforma no copo. Coloque-a numa garrafa, e ela tomará a forma de uma garrafa, ou numa xícara. A água pode fluir. Seja como água, meu amigo”.
É, de certa forma, um adiantamento da filosofia adotada pelo mais famoso e longevo campeão de peso médio nas lutas de MMA de todo o mundo, o curitibano Anderson Silva, 36 anos, objeto deste doc. Vencedor do título de melhor documentarista iniciante no festival de cinema de Tribeca – evento organizado por Robert DeNiro, voltado para o cinema independente -, o diretor Pablo fez um doc. tradicional, mas nem por isso desinteressante ou enfadonho. Pelo contrário, o realizador se apropriou com categoria das armas que tinha: a expectativa em torno de uma luta bastante valiosa à carreira do lutador.
Ela aconteceu contra o norte-americano Chae Sonnen em 7 de agosto de 2010, pela defesa do cinturão de campeão da categoria. Por princípio, toda e qualquer luta é importante, mas esta, em específico, trazia com ela o diferencial da gigantesca carga midiática. Isto em um esporte cada vez mais zilionário e no qual, Silva ainda reina como recordistas em defesa do título de melhor do mundo.
No Brasil devem ser poucos os que ainda não ouviram falar de Anderson Silva, mesmo aqueles que não sabem o que significa a sigla UFC. O lutador está em várias publicidades na TV e em revistas – principalmente depois que o jogador Ronaldinho tornou-se seu empresário. Mas, para os desavisados, é possível que levem um susto ao escutar a voz aguda do atleta em um off pela primeira vez no filme. Após os créditos de abertura, Silva fala que poderia ter continuado trabalhando na rede Mcdonalds, ou virado jogador de futebol, mas uma coisas não mudaria na sua vida, o modo tranquilo como a encara.
Passado o estranhamento, da voz quase feminina de Anderson, e a apresentação da vida em família do lutador, o filme de Pablo só confirma a empatia e coerência com a carreira administrada por este pai de cinco filhos, católico e casado há 14 anos com a mesma esposa.
Este prelúdio é rápido e Pablo passa logo para o que interessa aos fãs: os bastidores da luta contra Sonnen. Ela foi determinada pela organização da maior e mais poderosa empresa do ramo neste esporte, a Ultimate Fighting Championship (UFC), como uma espécie de punição pela postura de Anderson na luta anterior.
O fato é que para Sonnen a oportunidade era perfeita para sua carreira do ponto de vista publicitário. Durante todo os 60 dias de campanha até o dia da luta, o que se vê é o lutador americano “arrotando” vitória de forma deselegante e, questionando a competência do adversário brasileiro e sua postura no octógono.
Ao contrário do americano, Anderson não perde a calma contra o adversário no incansável assédio da mídia. O campeão, na verdade, mostra-se cansado deste processo: “Os jornalistas sempre fazem as mesmas perguntas ruins, e as respostas só podem ser iguais, e ruins”, desabafa a certa altura.
Em resumo, “Anderson Silva: Como Água” engrandece a imagem do campeão, pode ajudar a popularizar ainda mais o esporte no Brasil e prepara o fãs para a próxima grande luta que haverá prevista para junho em São Paulo, mais uma vez contra o apatetado Sonnen, responsável por um sem número de risíveis e equivocados depoimentos no filme.
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