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Reportagens

Cine AIP pode reabrir

Projeto quer transformar o local num espaço cultural

Por Luiz Joaquim | 20.03.2012 (terça-feira)

Uma das importantes salas de cinema na história do Recife, o Cine AIP, que fica na Associação de Imprensa de Pernambuco (AIP), na Avenida Dantas Barreto, no Centro do Recife, tem abertura prevista “até o fim deste ano”, ressalta o jornalista Múcio Aguiar, atual presidente da instituição. O local, inaugurado nos anos 1960 e desativado há quase uma década, faz parte de um projeto da associação, que pretende criar um Centro Cultural. “Queremos ser a casa não apenas dos jornalistas, mas também da sociedade, que a população tenha acesso ao cinema, à escrita, à voz, à internet, um equilíbrio entre esses quatro meios de expressão”, adianta Múcio.

O cinema fica no 13ª andar do prédio (que tem 14 andares, do 9º ao último administrado pela AIP). Para a recuperação tanto do cinema quanto a organização de uma pinacoteca, a AIP dispõe de R$ 190 mil. “Ainda não temos o projeto definido do cinema, então não temos ainda noção de todos os serviços que precisam ser feitos. Sabemos que parte desse dinheiro é suficiente para ao menos abrirmos a sala. Acreditamos que até o fim do ano a sala estará funcionando”, afirma Múcio. Caso a equipe perceba que o valor não é suficiente para a administração adequada do cinema e precise de algum valor aditivo, a AIP conta com parceiros e patrocinadores, como “a Celpe, a Chesf e o Governo do Estado”, lista Múcio.

A proposta é reabrir o cinema mantendo os 120 lugares que já existiam e cobrar um ingresso que não seja próximo do valor dos cinemas comerciais. “Não queremos faturar em cima do cinema, não é nosso objetivo. Ao mesmo tem­po, queremos criar uma política e uma cultura de valorização, então vamos cobrar um preço simbólico”, diz Múcio.

Em termos de programação, o cinema fica sob responsabilidade de Cecília Araújo, cineasta pernambucana, a produtora de cinema Stella Zimmerman e o programador Lula Cardoso Ayres Filho. “Nossa proposta é criar um cinema alternativo. Não pensamos em concorrer com os cinemas dos shoppings. Queremos que um estudante de jornalismo ou de cinema que fez um documentário, um curta ou um longa, mas não tenha onde exibir, possa mostrar ao público”, explica Mú­cio. “O formato ainda não es­tá definido, mas também preten­demos exibir obras de cineastas pernambucanos e pro­mover debates”, pontua.

Além do cinema, a AIP pretende estruturar outras atrações para o público. No 11º andar, está programada uma biblioteca, onde será criado um Centro de Documentação, composto por 10 mil volumes e 6 mil documentos, além de um restaurante panorâmico, no 12º andar, com praça de alimentação e cafés. “Queremos fazer um café literário, um espaço para ler jornal e conversar, que irá estrear junto com o cinema, enquanto a biblioteca deve estrear ainda em agosto”, adianta Múcio. “No passado, quando havia ditadura, os jornalistas que escreviam algo contra os interesses dos generais se escondiam no prédio da AIP. Era um ponto de encontro para debater política, e queremos com essa reforma reativar esse cenário”, explica Múcio.

“A gente está concluindo a fase de projetos, terminando as execuções emergenciais. Em cinco meses já teremos parte do prédio aberto, como a biblioteca. Temos que imaginar que é uma edificação de 14 andares. Como estava fechado, tudo o que temos precisa ser refeito, a parte hidráulica, elétrica. Além disso, é um prédio da década de 1960, uma construção modernista, então temos que pensar na questão de preservação arquitetônica”, detalha.

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