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Eduque-se, trabalhe

Câmera clara 273

Por Luiz Joaquim | 19.03.2012 (segunda-feira)

Por vezes cansa algumas discussões recorrentes em torno da validade ou importância de uma crítica de cinema. Há cerca de duas semanas, mais um cineasta chateado, e deselegante, publicou uma carta no jornal carioca “O Globo”, reclamando não apenas da avaliação publicada sobre seu filme naquele jornal – uma avaliação equilibrada, à propósito. O realizador também vinculou preconceituosamente a aparência do crítico como justificativa para condenar a crítica escrita por ele. A questão é que falta, a um bom número de realizadores, conhecimento histórico do cinema. A frase parece forte, mas não é tanto quanto esta outra: falta, a alguns crítico de cinemas (também), conhecimento histórico cinematográfico. Existe, enfim, hoje, uma banalização sem controle na função do que se chama “cinema”. Seja ela por parte de quem faz, de quem estuda, de quem exibe, de quem difunde, ou de quem simplesmente assiste cinema. Não seremos estupidos ao ponto de generalizar tal assertiva, mas de um modo majoritário, a paisagem não é bonita. Mesmo para este jornalista, que não tem formação sociológica ou pedagógica ou no campo da psicologia, a perspectiva parece fácil de ser traduzida pela carência de educação social ou formal (dada pela família e pela escola). Nesta sociedade cuja intolerância e violência são midiaticamente mais estimuladas para soar atraente (incluo a indústria do cinema) – ao invés de seu oposto -, não se pode esperar algo tão diferente de seus filhotes que a tudo observam com olhos arregalados de admiração (pelo ruim). Parece cansado também o discurso de que tudo passa pela educação mas, sentimos muito, não há outro meio para crescer e tentar tornar-se um homem decente. É educando-se que este homem, ou maus cineastas, ou maus críticos de cinema – para voltarmos ao nosso tema, poderão evoluir. Para concluir, creio ser importante ressaltar a seguinte provocação: a crítica de cinema é tão desimportante quanto importante. E ela, a crítica, está alheia a tudo isso. É você quem decide o que interessa ou não. A crítica de cinema, boa ou ruim, é uma instituição estabelecida, muito maior que o indivíduo que a escreve ou que a lê. Ela existe e existirá independente da capacidade do incomodado em espernear contra ela. Não há conselho para cineastas frustrados ou leitores irados com uma crítica (pelos olhos deles) equivocada. O que se pode dizer a estes, talvez, seja traduzido em apenas duas dicas curtas: “Eduque-se” e “Trabalhe”. Na próxima semana, vamos relembrar algums palavras escritas em 1955 por François Truffaut sobre a crítica de cinema.

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Curtíssimos 2012
A 5ª edição nacional e a 14ª internacional do Festival Internacional de Filmes Curtíssimos receberá, até 12 de abril, inscrições para a mostra. Podem se inscrever filmes de todo o país com até três minutos de duração (exceto créditos e título). A mostra acontece simultaneamente em mais de 70 cidades de 20 países no dias 8 a 12 de maio. No Brasil, serão selecionados 50 trabalhos e a curadoria está sediada em Brasília.Outras infos em ( www.filmescurtissimos.com.br ).

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CdD, 10 anos
Há pouco mais de um mês, publicamos com exclusividade entrevista com o produtor carioca Cavi Borges, da Cavídeo, em processo de realização do documentário “Cidade de Deus: Dez anos Depois”, sobre como andam hoje os jovens atores que foram “descobertos” pela produção do filme de Fernando Meirelles em 2002. Cavi mandou um recado aos jornalistas que “depois de 17 dias de filmagens (cerca de 40% total do filme) nosso pouco dinheiro (R$ 40 mil) acabou”. Ele diz que está tentando editais, pré-vendas para tvs e possíveis patrocinadores mas, sem sucesso por enquanto. Como o interesse é terminar o filme ainda esse ano – “para cumprir os ’10 anos depois’ – Cavi e sua turma não podem parar agora. Apelando aos amigos, o produtor convida os interessados a colaborar com R$ 50. Estes colaboradores terão o privilégio de ver o filme com a equipe em primeira mão, junto a equipe, numa sessão especial. Quem entrar com R$ 100,00, poderá participar do último dia de filmagem, cujo plano inclue “um grande churrasco e uma ‘pelada’ de futebol no campo do alto do Vidigal com a presença dos atores do filme no inicio de junho”. Quem não quiser colaborar, Cavi pede apenas que divulguem a idéia no Facebook e no Twitter. Os interessados em ajudar, podem depositor o valor na conta da produtora Cavídeo. Seguem os dados. Banco: Bradesco. Conta corrente: 021495-7. Agencia: 1745-0

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Francofonia
Em homenagem ao Dia Internacional da Francofonia, comemorado amanhã, a Aliança Francesa do Recife promove diversas atividades, aberta ao público, de hoje a sexta-feira. Pelo campo do cinema, na quinta-feira, às 19h, a unidade Derby, oferece pelo cineclube o filme “Jean de Florette” (1986), adaptação do romance de Marcel Pagnol. Trata-se da primeira parte de uma história que se passa na zona rural francesa nos anos 1920. Apresenta Ugolin (Daniel Auteuil) e seu padrinho Cezar (Yves Montand). Eles são os últimos da imponente família Soubeyran. Ugolin tem apenas uma ambição na vida: criar cravos. Para isso, precisa de um bom terreno com bastante água, raro na região. É então que os Soubeyran propõem a Pique-Bouffige (Marcel Champel), dono de uma nascente abandonada, vender-lhes a terra, mas este se recusa e sofre um acidente mortal durante a briga que se sucede. Também no elenco Gérard Depardieu, como o herdeiro sobrinho de Pique-Bouffige.

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