John Carter: Entre Dois Mundos
Entrevero marciano em versão Disney
Por Luiz Joaquim | 09.03.2012 (sexta-feira)
O diretor Andrew Stanton, que nos deu os belos “Procurando Nemo” (2003) e “Wall-E” (2008) chega agora com seu novo “John Carter: Entre Dois Mundo” (John Carter, EUA, 2012), seu primeiro filme com atores reais no set. O épico, que alterna sua ação entre o velho oeste e o planeta Marte, é mais uma adaptação de um clássico da literatura norte-americana, “A Princesa de Marte”, escrita originalmente em 1917 por Edgar Rice Burroughs, o criador de Tarzan.
A primeira observação a ser feita aqui é o cuidado com o desenho de produção da equipe deste filme, que, assim como na animação “Wall-E”, criou um mundo particular e original para as planícies marcianas. É um visual de encher os olhos não só pela paisagem, como por todo o design das aeronaves marcianas, e das peculiaridades das três facções em guerra no Planeta Vermelho, chamado pelos próprios habitantes de lá como Barsoom.
Os marcianos são divididos entre os de forma humana no falido reinado de Marte e nos tiranos Zodangas. Há também os Tharks, estes são homens verdes, esguios, com mais de dois metros de altura e mais primitivos. Num acordo entre o pai da princesa Dejah Toris (Lynn Collins) e o lider Zodanga, Sab Than (Dominic West), eles devem casar-se (contra a vontade dela) para reinar a paz em Barsoom. Alheios a tudo isso, os Tharks, liderados por Tars Tarkas (voz de William Dafoe), vivem sua vida selvagem numa região árida, defendendo-se, em desvantagem, dos ataques dos humanos de Marte.
Enquanto isso, na Terra, durante a segunda metade do século 19, os Estados Unidos vivem sua Guerra Civil, num particular massacre contra os índios nativos. “John Carter”, o filme, também acontece lá, onde apresenta seu protagonista. Carter (Taylor Kitsch) é um aventureiro em busca de ouro, que desertou o exercíto da União após perder a família. Por ser um ótimo guerreiro, é procurado pela cavalaria para lutar pelo seu país. Numa fuga, Carter encontra um medalhão que o teletransporta para Marte e lá ele passa a ser desejado como guerreiro pelos Tharks, em luta contra os Zodangas.
O interessante aqui é enxergar nessa história de Burroughs – que serviu de inspiração para James Cameron criar “Avatar” (2009) – a relação entre as facções marcianas com as da Terra à época da Guerra Civil Americana, com os coitados dos Tharks equivalendo aos “ameríndios” massacrados. É claro que a analogia não será o ponto de interesse que chamará a atenção do espectador que estará no cinema com sua pipoca. A esses, que querem diversão e aventura fácil, seus anseios serão atendidos uma vez que “John Carter” é cuidadoso e remete bem às boas matinês infantis.
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