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Críticas

Pina

Wenders capta a universalidade da obra de Pina

Por Luiz Joaquim | 23.03.2012 (sexta-feira)

Após sessões de pré-estreia no multiplex UCI/Kinoplex Recife, o documentário “Pina” (Ale., 2011), de Wim Wenders, entra em cartaz hoje no Cinema da Fundação Joaquim Nabuco. Concebido para ser visto no formato 3D, como foi projetado no complexo do Shopping Center Recife (mas não sem alguns problemas que refletiam no foco do filme), o título será exibido na sala do Derby no formato standard 2D.

O documentário observa o grupo de dança Tanztheater Wuppertal Pina Bausch e propõe performances fora do seu habitual local de ação. A estratégia de Wenders termina por ressaltar ainda mais a beleza da arte de uma dança tão inspirada (e inspiradora) de Pina. Ele, no filme, intercala coreografias e depoimentos dos bailarinos, e nos leva a uma viagem visualmente deslumbrante através das coreografias apresentadas no palco e em locais da cidade de Wuppertal. Foi lá que, por 35 anos, o ambiente funcionou como centro da criatividade de Pina Bausch.

Dos movimentos criados pela bailarina, e lindamente representado pelo grupo, destacam-se as coreografias que remetem a um movimento quase mecânico, como a do estranho que tenta sem sucesso colocar, literalmente, a moça inerte nos braços de outro homem inerte. Ela cai e o estranho repete a ação sucessivamente, e cada vez mais enérgico e rápido, até que os dois corpos sem vontade própria se habituem ao movimento. É uma representação simples mas de uma eloquência colossal e universal sobre amores ou desamores.

Tal número, na encenação “Cafe Müller”, ou em outras em que os dançarinos depende absolutamente do outro (confiança!) para não se espatifar no chão, ou ainda naquelas em que eles interagem com água e uma rocha gigante num palco, mostra o potencial de comoção e reflexão dessa arte pouco compreendida e aqui, nesse documentário, belamente amplificada pelo olhar de Wim Wenders.

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