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Sete pecados

câmera clara

Por Luiz Joaquim | 26.03.2012 (segunda-feira)

Semana passada comentamos que cineastas podem sim errar, e críticos de cinema também. Na ocasião, prometemos comentar uma perspectiva de François Truffaut a respeito da crítica e seus equívocos. Ela foi publicada na revista “Arts”, em 1955, ano em que realizou seu primeiro curta-metragem, “Une Visite”. No artigo “Os Sete Pecados Capitais da Crítica”, Truffaut pontua sete tópicos a respeito desta “profissão ingrata, laboriosa e mal conhecida”. E prossegue: “O que é o crítico? O que ele come? Quais são seus hábitos, seus gostos, suas manias? O artigo tem como objetivo apresentar melhor esse artesão desinteressado que trabalha na sombra das ditas salas escuras”. Truffaut até faz uma matemática rápida, “a influência da crítica só é exercida sobre um filme entre vinte, estaria na ordem das coisas que a crítica cinematográfica fosse a mais livre”, mas isso não acontece, diz ele, e enumera sete problemas neste ofício. 1) A ignorância histórica. Aqui ele ressalta que críticos consultam freqüentemente as ‘histórias do cinema’; e “como estas abundam em erros”, eles copiam estes erros. 2) “O crítico de cinema ignora a técnica de sua arte. Quantos deles sabem o que significa ‘um raccord no eixo’ ou uma ‘whip pan’? Claro, não são obrigados a ser muito sábios sobre isso, mas por que fingir conhecer alguma coisa?”. 3) Alguns críticos não possuem imaginação ao escrever, e exemplifica: “Quantas vezes não observamos estas palavras sob sua pena: ‘Salvo uma breve pesca ao atum, nada há de interessante neste filme’. 4) Alguns críticos são indulgentes, principalmente com filmes de seu próprio país. 5) Há o crítico professoral, aquele que ao sair da sessão diz assim: fulano deveria cortar 15 minutos de tal sequência. E destaca na 6) “O crítico, que ignora a história do cinema e sua técnica, que não conhece nada sobre a elaboração de um roteiro, só pode julgar pelas aparências, pelos sinais exteriores de ambição. Os críticos julgam os filmes pelas ‘intenções’ de seus autores”. E por fim, no 7) ele dizia que certo “crítico cinematográfico, quando sai do cinema, não sabe o que pensar do que acaba de ver. Busca uma opinião junto a seus colegas; o primeiro que fala tem razão, quem encontrar uma bela ‘fórmula’ triunfa”. O que coloco aqui neste Câmera Clara é apenas um resumo desse belo texto que, repito, foi escrito há 67 anos e parece tão fresco e lúcido como se tivesse sido concebido ontem. Ou seja, é realmente muito pouco como o mundo muda no campo dos equívocos humanos.

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Em Brasília
O jornalista Anselmo Gois publicou semana passada em sua coluna que, a convite da presidente Dilma Rousseff, Selton Mello e Paulo José inauguraram às 17h da quinta-feira (22), o Cine Planalto, para que servidores da Presidência assistam a filmes que “ajudem a pensar”. O primeiro filme programado foi “O Palhaço”, no qual Paulo atual sob direção (e também atuação) de Selton.

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Na Suécia
Estão abertas, até 30 de junho, as Inscrições para o BrasilCine 2012. É a única mostra de cinema brasileiro na Suécia. A Mostra de Cinema Brasileiro da Suécia acontece em outubro em Estocolmo. Podem se inscrever produções brasileiras de qualquer duração. Para se inscrever basta preencher o formulário de inscrição em (http://brasilcine2012.eventbrite.see) e enviar um DVD do filme.

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Cannes 2012
A festival mais influente do mundo, Cannes, cuja 65ª edição vai de 16 a 27 de maio, fará a premiere internacional da animação “Madagascar 3: Os Procurados”. O filme exibe fora de competição. Foi com o primeiro “Shrek” (2001) que a DreamWorks começou sua longa história com o festival francês, ganhando a partir daí prestígio entre os especialista de cinema. No Brasil, o novo desenho estreia dia 7 de junho, aproveitando o bafafá que deve gerar no balneário francês.

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