16º Cine-PE (2012) – dia 1
Vai agradar a todos?
Por Luiz Joaquim | 24.04.2012 (terça-feira)
Ainda sob o impacto da passagem de Paul McCartney pela cidade no último final de semana, o recifense que consome eventos culturais já deve estar com o fôlego recuperado para encarar a maratona do Cine-PE: Festival do Audiovisual. A mostra de filmes, em sua 16ª edição, tem abertura às 20h de hoje e segue diariamente até 2 de maio no (circunstancialmente) Cineteatro Guararapes, Centro de Convenções. Se em 2011 o tema do festival era a celebração de ‘debutante’, hoje ele corre sob o conceito do ano de 2012 como ‘o fim dos tempos’ (haverá uma decoração especial para o palco?). Mas, conceitos marqueteiros à parte, o fato é que o Cine-PE chega a 2012 com uma das programações de longas-metragens (o carro-chefe de um festival) mais abrangente e diversificada depois de anos. E tal satisfação estava na própria fala do diretor do festival, Alfredo Bertini, durante o lançamento em São Paulo há duas semanas.
Na verdade, a diversidade de gêneros e estilos cinematográficos nos filmes deste Cine-PE continuam os mesmos dos outros anos. A questão é que, com exceção do desconhecido “Corda Bamba: HIstória de Uma Menina Equilibrista” (exibe segunda-feira), de Eduardo Goldenstein, pode-se garantir que todos os outros seis títulos que competem pela Calunga dourada deverão cumprir uma sessão no mínimo envolvente. Senão vejamos.
Amanhã teremos o romance jovial e moderno de “Paraísos Artificiais”. É o primeiro longa de ficção de Marcos Prado – já realizou o documentário “Estamira” e é parceiro de José Padilha, tendo produzido os dois “Tropa de Elite”. No domingo temos a ação histórica e policialesca de “Boca”, de Flávio Frederico. Na terça-feira passam os dois concorrentes pernambucanos da categoria: a simpática e envolvente ficção “Na Quadrada das Águas Perdidas”, de Wagner Miranda e Marcos Carvalho, tendo Matheus Nachtergaele como único ator em cena; seguido pelo documentário “Estradeiros”, de Renata Pinheiro e Sérgio Oliveira. Este é uma obra de estética radical (e já celebrada) que deve destoar de todos os outros filmes, em particular do outro doc. em competição: “Jorge Mautner: O Filho do Holocausto”, um filme de Pedro Bial e Heitor D´Alincourt, que exibe no sábado.
E para abrir o Cine-PE hoje, a responsabilidade foi entregue a um cineasta que já é conhecido do público pelo sucesso “2 Filhos de Francisco” (2005). Breno Silveira (leia entrevista abaixo) apresenta o seu novo “À Beira da Estrada”. Um road-movie romântico protagonizado pelo compentente ator baiano João Miguel. À propósito dos convidados desta edição, o Cine-PE também tem um ano generoso do ponto de vista midiático – aspecto já consagrado pelo festival para atrair uma parte da média de 2,4 mil espectadores por noite do evento.
Além de João Miguel, o ator Ângelo Antônio pode estar na sessão de “À Beira da Estrada”. Amanhã, a atriz Nathalia Dill, que interpreta Débora na novela “Avenida Brasil” da TV Globo, deve ser uma presença em “Paraísos Artificiais”. No sábado, Pedro Bial será um chamariz para os fãs do Big Brother Brasil. No domingo, a estrela de “Boca” é Daniel de Oliveira. Está acompanhado de um trinca de craques famosos: a querida e competente Hermila Guedes, Paulo César Peréio e Leandra Leal. Na segunda-feira, o pernambuco Gustavo Falcão representa “Corda Bamba”. E na terça Matheus Nachtergaele deve comover a todos no auditório do Cecon.
Voltando aos filmes, no quesito ‘homenagem’ a edição atual está três vezes melhor que no ano anterior. Com todo o respeito à majestade da bola, o Rei Pelé, celebrado no 15º Cine-PE, desta vez teremos um membro da realeza do cinema brasileiro como homenageado. Cacá Diegues (que deve participar também do Festival de Cannes, a partir do próximo dia 16), não só será celebrado por aqui como também ganha projeção em cópia nova de um de seus clássicos “Xica da Silva” (domingo, 17h), de 1976. O fãs do bom cinema brasileiro agradecem.
Outro clássico que tem pouca visibilidade e ganha exibição no Cecon (terça-feira, 17h) é “O Beijo no Asfalto”, de Bruno Barreto, em referência a homenagem ao ator Ney Latorraca. Um terceiro homenageado é Fernando Meirelles, que o festival destaca pelos dez anos da realização de “Cidade de Deus”, obra emblemático de nosso cinema contemporâneo. O filme a ser exibido é “Xingu” (sábado, 17h), de Cao Hamburger, cuja produção foi O2, de Meirelles.
Outra novidade deste ano é a inclusão na programação com dois filmes de Moçambique, ambos de Júlio Silva, com exibição às 15h de hoje e amanhã na Universidade Católica, respectivamente “Lágrimas” e “Feitiço”. Há ainda a mostra itinerante, com “Deus É Brasileiro”, de Cacá Diegues (sábádo), e “Seu eu Fosse Você 2” (domingo), de Daniel Filho, ambos a partir das 20h no Sítio Histórico do Carmo, em Olinda; além dos tradicionais seminários temáticos.
Curtas merecem atenção
Algo promete que a tradicional vedete no histórico do Cine-PE, o programa de curtas-metragens, seja eclipssada este ano pela programação dos longas-metragens. Não significa, entretanto, que a seleção 2012 dos filmes de curta duração na competitiva mereçam menos atenção. Alguns dos títulos presentes já circularam em outros festivais do País e mostraram-se pérolas ou, ao menos, um sucesso de comunicação com os espectadores.
No bloco inaugural de hoje à noite temos três filmes (o festival reduziu o volume de sua programação). Do Mato Grosso, abre “Depois da Queda”, de Bruno Bini, sobre um publicitário, uma garota de programa e um pai com a filha entre a vida e a morte. Os três vão experimentar algo que deve mudar o rumo de suas vidas. Na sequência, exibe a animação “O Descarte”, do Paraná. Dirigido por Carlon Hardt e Lucas Fernandes, conta a história de “um curitibano típico dos anos 1990” que é surpreendido quando a mulher com quem compartilha um quarto de motel tenta assassiná-lo.
Já “Qual Queijo Você Quer?”, de Santa Catarina, vem traçando uma carreira de sucesso desde o último Festival de Paulínia, em julho passado, quando estreou (depois exibiu em Gramado, onde foi muito bem recebido). Dirigido pela estudante de cinema Cíntia Domit Bittar, o curta situa o espectador entre um casal de ‘boa idade’ que começa uma discussão sobre as desilusões da vida a partir de uma pergunta banal. Destaque para a interpretação dos atores Henrique Cézar, Amélia Bittencourt.
PERNAMBUCANOS
Uma das reinvindicões realizadas no 15º Cine-PE por um grupo de cineastas pernambucanos teve êxito. Dizia respeito a voltar a exibir a Mostra Pernambuco no Cineteatro Guararapes. A mostra, que apresenta quatro produções locais por dia (inéditas e não-inéditas) acontece às 16h, com entrada franca, nestes sábado e domingo.
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