Bruxa solta nos festivais
Câmera clara 276
Por Luiz Joaquim | 16.04.2012 (segunda-feira)
Um dos assuntos que corriam nos bastidores do anúncio do 16º Cine-PE – lançando na quarta-feira passada em São Paulo – era a situação, este ano, nada interessante para alguns festivais de cinema no Brasil que já se consolidaram como grandes. Naquela mesma noite, comentou-se da complicação política em Paulínia, município situado a 119 quilômetros da capital paulista. Uma insatisfação da população local com os investimentos voltados para o festival de cinema pode ter deflagrado a decisão do prefeito José Pavan Júnior em suspender o evento neste ano eleitoral. O festival, que teria sua 5ª edição acontecendo em junho (e não no tradicional julho, desde 2008), demandaria um orçamento na esfera dos 10 milhões de reais (o maior do País). O temor se concretizou numa entrevista coletiva dada pela prefeitura a Imprensa da região na manhã da sexta-feira passada. A justificativa dada para a interrupção (e não extinção total, como disse o prefeito) é que a cidade, como qualquer outra, tem prioridades sociais e é para lá que este dinheiro será revertido. Pavan chegou a dizer na coletiva que sua equipe pensou em fazer um evento mais modesto neste ano, mas considerou que não teria sentido fazê-lo sem seu tradicional brilho. Aí é que está o equívoco. A interrupção de um festival que crescia a olhos visto, do ponto de vista de maturação cinematográfica, é um chute no pé. Sua continuidade é fundamental como afirmação num cenário tão radicalmente competitivo como é o dos festivais de cinema neste Brasil. O que sempre deve brilhar num festival de cinema são seus filmes selecionados, e certamente haveria a adesão de (alguns) cineastas a um festival de Paulínia mesmo mais “pobre” de recursos financeiros. Como exemplo de Paulínia, outro gigante (historicamente gigante), o Festiva de Gramado (RS) também está em crise e, comenta-se também a possibilidade de interrupção em 2012. As razões são as mesmas: é um ano eleitoral e os comandantes destes municípios parecem ter esquecido do potencial da cultura, em todos os aspectos, para e evolução de uma cidade. Se concretizar a também não-realização de Gramado, este ano será lembrado com bastante tristeza pela história do cinema brasileiro.
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DANOSSE
A expressão tão nordestina, “Danosse” dá nome ao primeiro filme de ficção produzido pela Bertini Produções e Eventos Culturais e Esportivos (BPE). Com o roteiro escrito por Alfredo Bertini, diretor do Cine-PE: Festival do Audiovisual, o filme vai contar uma história baseada numa outra real fora do País, vivida pelo casal Alfredo e Sandra, numa antiga viagem feita ao exterior. O trabalho será dirigido pelo brasiliense André Moraes (conhecido por diversas trilhas sonoras e pelo curta que dirigiu, “Manual para se defender de Alienígenas, Zumbis e Ninjas”). O projeto está em fase de captação de recursos e as filmagens devem iniciar em outubro.
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CINE-GOOGLE
A toda poderosa Google fechou acordo com a Paramount para administrar a locação de 500 títulos do estúdio e fazê-lo circular on-line. O acordo inclui lançamentos recentes como “A Invenção de Hugo Cabret”, de Martin Scorsese. Os títulos poderão ser locados apenas pelo usuários norte-americanos, via YouTube e no novo dispositivo da empresa, o Google Play.
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SNOWPIERCER
O diretor sul-coreano Joon-Ho Bong (foto), famoso pelos ótimos “O Hospedeiro” e “Mother”, prepara-se para dirigir a ficção científica “Snowpiercer”. É sua estreia numa produção falada em inglês e com elenco hollywoodiano, incluindo Chris Evans, que esteve em São Paulo na semana passada para lançar “Os Vingadores” (estreia 27 de abril). Outros no elenco de “Snowpiercer” são John Hurt, Tilda Swinton, Ocatvia Spencer e Jamie Bell.
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