Entrevista: Breno Silveira (À Beira do Caminho)
Breno: O Brasil vai passar pela janela
Por Luiz Joaquim | 26.04.2012 (quinta-feira)
É um projeto antigo que por circunstâncias pessoais do diretor Breno Silveira só viria a nascer em 2012. Mais precisamente hoje, logo mais, no 16º Cine-PE. Daà a expectativa para a primeira exibição pública do longa-metragem “À Beira do Caminho”, filme criado a partir de um argumento peculiar que caiu nas mãos do cineasta. A obra conta a história de um músico (vivido por João Miguel) que resolve viajar pelo Brasil como caminhoneiro por conta de um trauma. O curioso aqui é que o enredo foi formado a partir de canções de Roberto Carlos.
Mas não é só isso que instiga a curiosidade. Silveira, 48 anos, é sempre lembrado pelo marco “2 FIlhos de Francisco” (2005), sucesso de público não só pela sua boa comunicação mas também pela inteligência cinematográfica. Depois do mediano “Era uma Vez…” (2008) é chegada a hora de conhecer suas ideias num novo trabalho.
“Quando recebi este argumento, chamei PatrÃcia Andrade, minha parceira no roteiro de ‘2 Filhos…’ para trabalhar e fizemos um filme parecido com as músicas do Roberto [Carlos]. Eu já tinha uma ligação com estas canções, que marcaram minha juventude, quando vivi o rock nacional. O trabalho resultou num filme parecido com as músicas do Roberto. É simples e vai direto ao coração. É delicado, mas é forte. E foi feito para emocionar. Fala da importância das famÃlias que escolhemos para nós, apesar de não termos ligação cosanguÃnia”, adianta o cineasta, que por conta da produção acabou conhecedo seu Ãdolo, o Rei Roberto.
“O personagem de João Miguel carrega um sofrimento muito grande. Passa por um processo de dor profunda e seu plano ao cair na estrada é perde todo o contato com o mundo que conhece, até que é ‘resgatado’ por um menino”. Quem vive este garoto na tela é o baiano VinÃcius Nascimento, que passou por um longo processo de seleção. “Fizemos uma seleção pelo Brasil todo. Veio gente de Minas, Pernambuco, Rio de Janeiro… Foram 800 crianças e escolhemos dez que fizeram um workshop no Rio de Janeiro; daà saÃram duas, até chegar ao VinÃcius”, relembra.
“À Beira do Caminho”, conta Breno, teve uma logÃstica de filmagens complicada em função das locações definidas. “É um filme que iniciou em Pernambuco e veio pela estrada até chegar a PaulÃnia. Basicamente a equipe técnica seguia, dentro de um ônibus, o caminhão que fazia esse trajeto longo que durou cerca de dois meses. No filme, o Brasil passa pela janela”. Conhecido pela experiência como fotógrafo cinematográfico (fotografou “Carlota Joaquina”, 1995), Breno rodou o filme em 35mm, o que complicava ainda mais a logÃsitca de uma filmagem assim, itinerante.
Todo esse “trabalho de cão”, como brincou o diretor, aconteceu em meados de 2010. A demora para o lançamento do tÃtulo não se deu, entretanto, por questões financeiras. “Eu tive uma fatalidade em minha vida. Por mais louco que seja, tinha a ver com o personagem de João Miguel. Eu não conseguia montar o filme. Sempre que entrava na ilha de edição chorava muito. Precisei parar e respirar. Eu tinha de pôr a emoção no lugar para voltar ao trabalho. É uma filme que teve um ligação muito direta comigo. Como se me avisasse o que estava para acontecer a mim”, recorda.
Sobre a sessão de hoje no mega-cine do Centro de Convenções, Breno conta que a obra deve funcionar bem. Mas sua curiosidade é grande: “Este filme nunca foi visto por mais de duas pessoas ao mesmo tempo”, conta o realizador que, domingo passado encerrou as filmagens de “Gonzaga: De Pai para Filho”, sobre o relacionameto entre os músicos Luiz Gonzaga (1912-1989) e Gonzaguinha (1945-1991). Com o compromisso de lançá-lo ainda em 2012 (visando o centenário do nascimento do Rei do Baião), Breno trabalha acelerado mas com prudência. “Vou lançar dois filmes grandes e importante da minha vida num mesmo ano. Espero que isso não atrapalhe”, encerrou.
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