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Críticas

Eu Receberias as Piores Notícias de seus Lindos Lábios

O mistério de uma mulher fatal

Por Luiz Joaquim | 20.04.2012 (sexta-feira)

Chega finalmente ao circuito comercial o sétimo filme da carreira bem sucedida do diretor paulista Beto Brant. O longo título de “Eu Receberia as Piores Notícias de Seus Lindos Lábios” (Bra., 2011) é o mesmo do romance de Marçal Aquino, um livro que mesmo antes de ser lançado, em 2004, já estava acertado de ir para as telas pelas mãos de Brant. Na verdade, “Eu Receberia…” é dirigido a quatro mãos. Brant dividiu o trabalho com Renato Ciasca, que também compartilharia com o amigo a direção do ótimo “Cão sem Dono” (2007).

A expectativa era grande na estreia do filme no Festival do Rio, em outubro passado. Isso porque Brant vinha num crescente de trabalhos que instigavam a reflexão pela narrativa audiovisual, contando histórias essencialmente humanas, em toda sua complexidade – como em “Crime Delicado” (2005) e “O Amor Segundo B. Schiamberg” (2010). Isto após um início de carreira cujo foco estava mais na ação e violência urbana, como em “Os Matadores” (1997), “Ação entre Amigos” (1998) e “O Invasor” (2002).

Depois, porque se sabia que “Eu Receberia…” era um projeto antigo de Brant junto a Aquino, cuja escrita gerou os dois primeiros longas do cineasta, ambos oriundos de contos. E o novo projeto é a primeira empreitada de Brant e Ciasca na adaptação de um romance, ou seja, de um trabalho cujo desdobramentos dos personagens e situações eram mais desenvolvidas e complexas.

Já foi declarado pelo próprio Brant que “Eu Receberia…” é, até o momento, sua maior empreitada do ponto de vista de produção, particularmente pela ação principal do filme correr no Pará. Apesar de já ter filmado fora de São Paulo – “Cão sem Dono” foi rodado em Porto Alegre -, a logística do trabalho no estado foi muito mais complexa.

Na verdade, a paisagem de Santarém e arredores terminaram por se transformar quase que num personagem que interage fortemente na história da protagonista Lavínia (Camila Pitanga). Ela é uma mulher misteriosa que, enquanto é apenas casada com o pastor Ernani (Zé Carlos Machado) no interior do Pará, é uma pacata e discreta senhora, mas que ao se envolver com o fotografo paulista Cauby (Gustavo Machado) vira um furacão sexual.

Já comentamos que, a inserção de questões regionais parecem não funcionar organicamente na trama, assim como a opção da fotografia coloridamente manipulada em alguns momentos, distraindo mais que contribuindo para o papel da tensão social na história de amor de Lavínia. Crédito merece é Camila Pitanga, em participação memorável, na qual nem é o sexo que gera a imagem mais forte aqui, mas a de uma espécie de exorcismo pela regurgitação. Impressionante.

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