Os Vingadores
Imbatíveis contra o mal
Por Luiz Joaquim | 27.04.2012 (sexta-feira)
É como se todas as apostas dos Estúdios da Marvel apontassem para este “Os Vingadores” (The Avengers, EUA, 2012), filme que tem estreia massiva hoje, em uma infinidade de salas de cinema de todo o País. Afinal, foi lá em 2005 que anunciaram que tal produção que reuniria os super-heróis Hulk/Bruce Banner (Mark Rufallo), o Homem de Ferro/Tony Stark (Robert Downey Jr), Thor (Chris Hemsworth), Capitão América/Steve Rogers (Chris Evans), Viúva Negra/Natasha Romanoff (Scarlett Johansson) e o Gavião Arqueiro/Clint Barton (Jeremy Renner).
E desde então, nestes exatos sete anos, a expectativa só fazia aumentar, alimentada pelo lançamento a conta-gotas dos títulos que apresentavam ao público dos cinemas a origem de cada herói. Os fãs dos quadrinho já conheciam o grupo criado por Stan Lee desde 1963. Nos cinemas veio primeiro “Homem de Ferro” (2008), seguidos do “O Incrível Hulk” (2008, com Edward Norton como o Dr. Bruce Wayne), “Thor” (2011) e “Capitão América: O Primeiro Vingador” (2011). Houve ainda “Homem de Ferro 2”, em 2010.
E um esclarecimento: “Hulk”, dirigido por Ang Lee em 2003 com Eric Bana no papel do médico que não pode ficar nervoso, não fazia parte deste projeto que tem o nome “Universo Cinemático da Marvel”, no qual os outros filmes citados interagiam e apontando para “Os Vingadores”.
Tanta pré-propaganda, felizmente, não deve atrapalhar a fruição do filme pelos fãs e não-fãs dos Vingadores. O resultado alcançado aqui pelo diretor Joss Whedon foi exitoso particularmente por primar pelo principal aspecto do grupo. O tom está certo. E este tom é o da individualidade de cada um deles.
Dessa forma, a civilidade militar e o deslocamento do Capitão América entram em conflito com o desprendimento e brincadeiras do Homem de Ferro. O envolvimento e fidelidade da Viúva Negra com o Gavião Arqueiro servem ao andamento do roteiro. O estranhamento de Thor com os hábitos humanos do grupo combinam com a megalomania do Homem de Ferro, que por sua vez perturba Bruce Banner só para vê-lo transforma-se no Hulk, o gigante verde que, uma vez “ativo”, nenhum dos heróis ousa provocar.
Essa atmosfera cômica, pautada pelos típicos diálogos irônicos e afiados dos quadrinhos é estabelecida no filme só depois da primeira hora de seus bons 142 minutos. Antes disso, o roteiro do diretor Whedon co-escrito com Zak Penn, administra muito bem a arregimentação feita por Fury (Samuel L. Jackson) – ele convoca individualmente a cada um dos Vingadores para unirem forças contra uma ameaça de outro mundo.
A ameaça está exatamente na presença do semideus Loki (o ótimoTom Hiddleston), irmão de Thor, que vem a Terra e rouba um cubo da S.H.I.E.L.D.: organização secreta de segurança criada pela ONU para proteger o planeta. O tal cubo tem uma fonte de energia inesgotável e abre um portal para o outro mundo. É por esta porta que os monstro virão para ajudar Loki a dominar o mundo.
Muito do interessante na estrutura de “Os Vingadores” está em deixar o próprio público, no decorrer da trama, tentar pensar em como o grupo vencerá o inimigo. Que tipo de combinação de poderes será a suficiente para tanto. Nesse quesito, uma das tensões mais bem administrados no filme é a explosão do Hulk, protelada até o momento certo.
Vale uma observação: a escolha de Rufallo para ser Bruce Banner é certamente a mais acertada até agora. Isso porque a própria trajetória de Rufallo no cinema é a de assumir personagens masculinos, mas, ao mesmo tempo, delicados e frágeis. É o contraste correto para um sujeito que precisa se manter calmo para não virar uma massa descontrolada de fúria. É do Hulk um dos melhores momentos aqui, por exemplo, quando ele finalmente dá uma pisa humilhante no vilão Loki.
Na verdade, “Os Vingadores” é trabalho realmente atípico pois, quando, habitualmente, Hollywood despeja seus filmes com dois ou no máximo três pontos chaves de explosão de tensão no desenvolver do roteiro, nesta aventura devem estar lá cinco ou seis desses pontos de balançar o espectador na poltrona. Prepare-se.
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