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Críticas

Românticos Anônimos

Os desencontros do amor

Por Luiz Joaquim | 18.04.2012 (quarta-feira)

Há no mínimo dois aspectos interessantes a destacar nesta discreta comédia romântica francesa “Românticos Anônimos” (Les émotifs anonymes, Fra., 2010), de Jean-Pierre Améris, que estreia próxima sexta-feira no Cine Rosa e Silva, mas que já pode ser apreciada hoje, às 19h20, na Sessão de Arte do UCI/Kinoplex do Shopping Recife (ver roteiro). O primeiro é o retrato pelo exagero (logo cômico) dos desencontros que podem ser gerados entre casais apaixonados que não se comunicam com sinceridade, seja lá por qual motivo. O segundo destaque é a riqueza da cultura francesa pelo prazer do paladar.

O motivo da falta de comunicação aqui, entre Angélique (Isabelle Carré) e Jean-René (Benoit Poelvoorde) é a extrema timidez que, no caso dela, a faz frequentar o grupo de auto-ajuda “românticos anônimos”. Uma espécie de “alcoólicos anôninos” mas cuja aflição não é o álcool e sim a hiper-sensibilidade. Eles falam uns aos outros dos problemas, na intenção de superar o trauma, que sofrem em função de serem desmesuradamente sensíveis .

Já Jean-René ama as mulheres, mas tem pavor delas. Não consegue nem lhes encostar um dedo sem começar a transpirar de nervoso. Seu terapeuta lhe aconselha alguns exercícios. E René, atraído pela nova funcionária de sua fábrica de chocolate, Angélique, decide colocar em prática as orientações do médico com a moça.

O resultado é desastrosamente engraçado muito pelo que dissemos no primeiro parágrafo. Jean-René gosta de Angélique e Angélique gosta de René, mas nenhum sabe como dar um sinal ao outro deste sentimento. As trapalhadas se acumulam até o final do filme, sendo o único elemento de aproximação dos dois a paixão pelo chocolate.

É, a propósito da degustação de chocolates, que podemos ter uma ideia próxima do prazer dos franceses pela gastronomia. São incontáveis as formas como René e Angélique se expressam para descrever o que sentem ao experimentar um novo sabor. São tão ricas e precisas as analogias que fazem a respeito dos sabores que quase os sentimos na plateia.

De certa maneira, “Românticos Anônimos” é um bom e exacerbado exemplo de como problemas bobos e generalizados entre casais que se gostam evoluem para um problema mais grave (ou um problema concreto, real) pela simples falta de comunicação entre eles. O casal do filme, pela falta de coragem para dizer o que realmente sente – seja por medo de uma rejeição ou medo de magoar a pessoa que admira – enfrentam diversos desencontros, enquanto nos divertimos.

Mas, nesse entrave tragicômico, quando rimos do casal na tela, ou melhor, com o casal da tela, é de nós mesmo que estamos rindo. Pois não há este desinibido que nunca tenha se sentido inseguro ao menos uma vez na vida diante de uma outra pessoa.

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